O ativista Miguel Ángel Jiménez, designado para apoiar a busca pelos 43 estudantes, de Ayotzinapa, que desapareceram forçosamente no México, foi encontrado morto na noite do último sábado (08/08), dentro do táxi que possuía, em Acapulco (a cerca de 400 km da Cidade do México). Somente nesta segunda-feira (10/08), no entanto a informação foi confirmada e divulgada por autoridades locais.
De acordo com a promotoria, ele teria sido vítima do crime organizado, mas as circunstâncias da morte ainda não foram totalmente esclarecidas. Outros ativistas, no entanto, consideram que o motivo da morte pode estar relacionado tanto ao desaparecimento dos jovens, como à vingança de narcotraficantes expulsos de Xaltianquis ou ainda à ação de outra autodefesa que também atua na região.
Agência Efe
Jiménez classficava Iguala como “grande cemitério”
Líder da polícia comunitária de Xaltianquis, espécie de grupo de autodefesa, fundado em 2013 em Acapulco, Jiménez encabeçou as brigadas populares que encontraram dezenas de valas clandestinas com mais de 100 corpos na região de Iguala.
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Em dezembro, em declarações à BBC, Jiménez havia classificado as montanhas de Iguala como “cemitérios”. O comitê de busca “Os Outros Desaparecidos de Iguala”, formado em sua maioria por mulheres que se reúnem nos domingos para buscar os estudantes, postou uma mensagem no Facebook em memória dele.
https://www.youtube.com/watch?v=NPSf3V2t3MUEl mago de oz, que ayudó a las familias a tener valor y salir a buscar a los…
Posted by Comité de búsqueda los Otros desaparecidos de Iguala on Domingo, 9 de agosto de 2015
Javier Monroy, fundador do grupo Tadeco Organismo Civil, uma organização não governamental que concentra informações sobre desaparecidos em Guerrero, disse à Agência Brasil que Jiménez estava “aproximando-se da verdade” e que isso lhe custou a vida. Ele teria descoberto, em suas investigações paralelas, os locais onde os jovens poderiam estar.
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Meios de comunicação locais afirmam que, atualmente, Jiménez liderava também a busca de cerca de 300 pessoas que desapareceram na região de Guerrero, sobretudo nas proximidades de Iguala – mesma cidade onde os 43 jovens desapareceram e outros seis, morreram.
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De acordo com a imprensa local, o grupo liderado pelo ativista encontrou mais de 120 corpos e os entregou às autoridades. Segundo números oficiais e da Anistia Internacional, o México tem mais de 20 mil desaparecidos.
Reprodução/ Facebook
“Filho, enquanto não te enterrar, seguirei te buscando”, diz camiseta usada por integrantes do comitê “Os Outos Desaparecidos”
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Protestos
Os pais dos jovens desaparecidos anunciaram que iniciarão, em 26 de agosto, uma greve de fome. Eles também prometeram continuar com mobilizações dentro e fora do México para sensibilizar o governo mexicano para que siga buscando os estudantes. Até o momento, nenhum porta-voz se pronunciou sobre a morte de Jiménez.
Sapdiel Gómez Gutiérrez
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Os pais defendem a abertura de outras linhas de investigação que incluam os militares do 27º batalhão, nas proximidades de onde os jovens teriam sido incinerados – segundo a versão oficial.
Em 26 de setembro, será completado um ano do desaparecimento dos estudantes sem que uma resposta convincente tenha sido dada aos pais dos jovens. “Iremos às embaixadas, nos mobilizaremos e faremos greve de fome até que entreguem nossos filhos”, disse María Concepción Tlatempa, mãe de um dos desaparecidos.