Cerca de 250 ativistas ocuparam nesta sexta-feira (11/01) um terreno destinado à construção de polêmico assentamento israelense, localizado na área palestina E1. Eles tentam impedir o estabelecimento da nova colônia judaica, que interromperia a continuidade territorial entre o norte e o sul da Cisjordânia.
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Ativistas montam tendas em área palestina destinada à construção de assentamento israelense como forma de resistência
Liderados pelo Comitê de Resistência Popular, que advoga pelo uso de meios pacíficos na luta palestina, os manifestantes instalaram tendas no local durante a madrugada e anunciaram a criação de uma vila.
“Nós estamos construindo o vilarejo porque não podemos mais ficar calados perante a contínua construção de assentamentos e roubos da nossa terra. Além disso, acreditamos que por meio de ações concretas e oposição popular, iremos conquistar nossos objetivos”, diz o comunicado divulgado pelo grupo.
Os ativistas esperam que o Portal do Sol, como foi denominado o novo povoado em homenagem a um romance libanês, se torne um assentamento palestino permanente e alertam ao governo israelense: “não sairemos daqui até que os palestinos donos dessa terra” possam voltar.
Um amplo contingente policial já cercou o terreno e bloqueou a entrada de pessoas. Até o momento, as autoridades israelenses não se pronunciaram sobre o ocorrido e ainda não está claro qual será a sua reação.
“Os palestinos não se contentam mais com as políticas de ocupação e assentamentos”, declarou Abdallah Abu Rahma, diretor do Comitê e um dos membros do novo movimento.
Conhecido mundialmente pela liderança nos protestos pacíficos contra os assentamentos na vila de Bill’in, o ativista explica que a formulação do projeto veio dos residentes de povoados palestinos ameaçados pelas colônias. Nestes locais, a grande parte da população é mobilizada e realiza manifestações pacíficas semanais.
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Oficiais israelenses tentam expulsar ativistas do novo vilarejo; centenas de palestinos ergueram tendas no local
No entanto, palestinos de norte e a sul estão participando do estabelecimento do Portal do Sol. Nos próximos dias, estão agendados diferentes eventos na vila: de apresentações artísticas a eventos educacionais, incluindo projeções de filmes.
“Chegou a hora de mudarmos as regras do jogo, para que possamos definir os fatos nos nossos próprios termos”, afirma o comunicado do grupo. “Nós convidamos todos os filhos e filhas do nosso povo a participar e se unir à vila, apoiando nossa resistência”.
Colônia judaica impede construção de estado palestino
Em dezembro do ano passado, Israel anunciou a construção de 3 mil casas em áreas palestinas ocupadas na Cisjordânia e em Jerusalém oriental. A decisão foi uma resposta do governo à ação unilateral da ANP (Autoridade Nacional Palestina) de propor a elevação do status da Palestina na ONU.
Entre os pontos do plano, o de erguer novas habitações para judeus na área E1 foi o que causou mais polêmica. O terreno de 12 km² liga Jerusalém com o assentamento Ma’aleh Adumim, que conta com 34 mil habitantes. Caso seja implementado, as construções iriam interromper a continuidade territorial entre o norte e o sul da Cisjordânia, comprometendo o funcionamento de um futuro estado palestino.
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Plano de expansão do assentamento de Ma'ale Adumim, congelado desde 2009, impede continuidade de estado palestino
O projeto contrariou compromissos assumidos pelo premiê Benjamin Netanyahu com a administração de Barack Obama em 2009 e atraiu a crítica da comunidade internacional, incluindo de seus aliados europeus.
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