Atualização às 15:28
De acordo com o jornal argentino Pagina12, problemas técnicas foram registrados ao longo da manhã deste domingo (13/08), durante as eleições primárias da Argentina.
O jornal registrou relatos de atrasos no sistema de votação dupla em Buenos Aires. Nesse sistema, as cédulas de papel registram o voto em pré-candidatos aos cargos nacionais, como de presidente, e eletrônicas, os cargos regionais.
Nesse caso, o eleitor argentino percorre etapas para registrar seu voto, começando pela validação da identidade com os mesários, seguida pela votação em cédulas de papel para os cargos nacionais e depósito do registro na urna, e depois a segunda etapa da urna eletrônica para registrar o voto regional.
Além do procedimento que naturalmente pode ser mais longo, as urnas eletrônicas apresentarem falhas, sendo necessário a chamada de técnicos para resolver os problemas.
A situação causou longas filas nos estabelecimentos que recebem as sessões de voto em Buenos Aires.
A pré-candidata a presidência pela aliança Frente de Izquierda y los Trabajadores-Unidad (FIT-U), Myriam Bregman, do Partido de los Trabajadores Socialistas da Argentina denunciou por meio das redes sociais que algumas sessões eleitorais estão pedindo para que as pessoas voltem para que exerçam seus votos após os problemas serem resolvidos. Ela mesma ainda não conseguiu votar.
Dijimos que el sistema de voto electrónico era un desastre.
Denunciamos ante la justicia que el sistema de BUE era un desastre.
Resultó funcionar de manera desastrosa.— Myriam Bregman (@myriambregman) August 13, 2023
A também deputada ainda apontou que a Frente de Izquierda y los Trabajadores-Unidad, bem como organizações que defendem os direitos dos cidadãos, chegaram a fazer reclamações sobre o sistema, mas que não foram ouvidos.
A pré-candidata a presidência pela aliança Juntos por El Cambio, Patricia Bullrich, teve dificuldades em votar em Buenos Aires. Ela teve três tentativas frustradas de registrar seu voto, tendo sucesso após 20 minutos ao ter a urna eletrônica trocada.
Twitter/Frente de Izquierda Unidad
Juíza federal de Buenos Aires apontou "inexperiência nunca vista antes na organização e execução de um processo eleitoral"
Além disso, sua seção de voto registrou uma hora de atraso, tendo aberto às 9h, quando o horário nacional da abertura das sessões eram às 8h.
Outro pré-candidato, Javier Milei, da La Libertad Avanza, foi afetado pelos atrasos nas sessões na capital argentina. O atual deputado conseguiu registrar seu voto no meio desta tarde, após uma longa fila em sua seção eleitoral.
Milei declarou que esperava os problemas que aconteceram com as máquinas eletrônicas durante a votação, alegando “trapaceio” e tentativa de ter “vantagem eleitoral” por parte do governo de Buenos Aires, chefiado por Horacio Rodríguez Larreta, também candidato à presidência.
Por sua vez, em Córdoba, os atrasos foram relacionados à falta de autoridades eleitorais nas sessões de voto. O Pagina12 registrou 40% de abstenção dos mais de 18 mil mesários, fazendo com que trinta minutos após o horário nacional de abertura das urnas, os eleitores não fossem permitidos para votar.
A província de Entre Ríos, que tem mais de um milhão de argentinos aptos a votar, também apresentou atrasos nas sessões eleitorais.
“As pessoas querem votar, mas não podem”
O Pagina12 também registrou as denúncias da juíza federal com jurisdição eleitoral da cidade de Buenos Aires, María Servini, sobre os problemas durante as eleições primárias.
“As pessoas querem votar, mas não podem”, disse ela, segundo o jornal local.
“O grau de improvisação é preocupante”, afirmou ela sobre a situação em Buenos Aires, com mais de 200 m´áquinas eletrônicas sem funcionamento alegando que os itens “não haviam sido conectados ou testados”.
Segundo a agência de notícias Telam, Servini enviou uma carta ao presidente da Câmara Nacional Eleitoral, Alberto Dalla Via, apontando para a “inexperiência nunca vista antes na organização e execução de um processo eleitoral”.