Os resultados preliminares das eleições realizadas neste sábado (02/07) na Austrália indicam um empate na preferência dos eleitores entre a coalizão governista Liberal-Nacional, do atual primeiro-ministro, Malcolm Turnbull, e o opositor Partido Trabalhista, liderado por Bill Shorten, o que significa um avanço dos trabalhistas e uma derrota dos governistas frente aos resultados das últimas eleições, em 2013.
O resultado oficial só deve ser divulgado na próxima terça-feira (05/07), mas os votos apurados até agora indicam uma disputa acirrada para a formação de governo no país. Em número de cadeiras, os trabalhistas, de centro-esquerda, avançaram de 55 conquistadas em 2013 para 72, enquanto os governistas, de centro-direita, passaram de 90 para 66 deputados, com as cadeiras restantes divididas entre partidos menores. Para formar governo é necessária a maioria absoluta de 76 das 150 cadeiras da câmara baixa do Parlamento australiano.
Agência Efe
Bill Shorten, líder do Partido Trabalhista, em pronunciamento após as eleições
“Não vamos saber nesta noite o resultado das eleições. Talvez não saibamos durante alguns dias. O que sim, nós sabemos, é que o Partido Trabalhista voltou”, disse Shorten em entrevista coletiva após a divulgação dos primeiros resultados.
Além dos trabalhistas e dos liberais-nacionais, outros cinco grupos políticos de menor expressão estarão representados no Parlamento. Os Independentes obtiveram duas cadeiras, enquanto os Verdes, aliados habituais dos trabalhistas, o Katter's Australian Party e o Nick Xenophon Team elegeram um deputado cada, deixando sete cadeiras ainda a serem determinadas.
“O que quer que ocorra na próxima semana, se estamos no governo ou na oposição, o que importa é que o Partido Trabalhista está recarregado de energia, unido e mais decidido do que nunca”, declarou Shorten, que defendeu durante a campanha um sistema universal de saúde, escolas públicas e a proteção dos direitos dos trabalhadores australianos.
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A estabilidade econômica do país também dominou a pauta da campanha eleitoral que começou em maio, especialmente após a “Brexit”, a saída do Reino Unido da União Europeia.
O ex-banqueiro milionário Turnbull convocou as eleições devido a um impasse na votação de leis trabalhistas, com a expectativa – retumbantemente frustrada – de que sua coalizão conquistasse mais cadeiras. O premiê declarou hoje que só um governo estável de sua coalizão pode garantir o futuro do país, em uma tentativa de reforçar sua mensagem econômica, mas também com a esperança de encerrar a instabilidade política gerada pela crise de liderança que fez a Austrália ter quatro primeiros-ministros desde 2013.
Agência Efe
Malcolm Turnbull, atual primeiro-ministro australiano, em pronunciamento após as eleições
O próprio Turnbull chegou ao poder após uma manobra para assumir a liderança da coalizão Liberal-Nacional, derrubando seu companheiro de partido Tony Abbott (2013-2015). O mesmo já tinha ocorrido quando o trabalhista Kevin Rudd assumiu o posto de Julia Gillard.
O dia transcorreu com normalidade, mas com alguns atrasos nas seções eleitorais que originaram longas filas, em parte pela confusão causada pelas mudanças ao sistema de votação para os senadores.
O voto é obrigatório para os mais de 15,6 milhões de cidadãos inscritos no censo eleitoral na Austrália.
*Com Agência Efe