O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu nesta segunda-feira (16/08) que o avanço do grupo Talibã no Afeganistão e a retomada do governo aconteceu “mais rápido” do que seu governo presumiu ao retirar as tropas norte-americanas do país.
Em sua declaração, Biden ressaltou que “apoia totalmente” sua decisão de prosseguir com a retirada dos soldados do território afegão, recordando que cumpriu um acordo feito pelo ex-presidente Donald Trump com o Talibã.
O acordo exigia que os soldados norte-americanos ficassem até 1° de maio no país e não previa que eles protegessem o Afeganistão após essa data.
Biden explicou que “sempre prometeu ao povo norte-americano que seria franco”, mas admite que a situação com o recente avanço do Talibã “se desenrolou mais rapidamente do que era imaginado”.
“Eu mantenho minha decisão… Eu sempre prometi ao povo norte-americano que seria franco com você. A verdade é que isso se desenrolou mais rapidamente do que havíamos previsto”, apontando que, após o avanço dos talibãs, os líderes políticos do Afeganistão “desistiram e fugiram do país”. Segundo ele, os militares afegãos “entraram em colapso, às vezes sem nem mesmo tentar lutar”.
Neste domingo (15/08), cerca de duas décadas após a invasão norte-americana no Afeganistão, o grupo Talibã derrubou o governo e retornou ao poder.
Para o mandatário, a missão dos EUA no país “nunca foi pensada para ser uma construção nacional”, mas, em vez disso, foi projetada para prevenir “um ataque terrorista em solo norte-americano”.
“Fomos ao Afeganistão há quase 20 anos com objetivos claros: pegar aqueles que nos atacaram em 11 de setembro de 2001 e garantir que a Al Qaeda não pudesse usar o Afeganistão como base para nos atacar novamente. Fizemos isso”, afirmou.
White House
Segundo Biden, invasão dos EUA no Afeganistão ‘nunca foi pensada para ser uma construção nacional’
Biden defendeu que os EUA conseguiram retirar o risco do grupo terrorista Al-Qaeda. Segundo o presidente dos EUA, o foco da missão norte-americana era reduzir o risco do terrorismo.
“Nunca desistimos da caça a Osama bin Laden e o pegamos. [..] Nossa missão no Afeganistão nunca foi pensada para ser a construção de uma nação, ela nunca foi destinada a criar uma democracia central unificada”, disse Biden declarando que a retirada é a “decisão certa para a América”.
Segundo o democrata, o Talibã está no seu ponto “mais forte militarmente desde 2001”, afirmando que os norte-americanos “não podem e não deveriam estar morrendo e lutando em uma guerra que os afegãos não querem lutar por si mesmos”.
Mesmo defendendo a retirada, Biden ameaçou uma resposta se o Talibã atacar os interesses norte-americanos, especialmente durante as operações de evacuação em andamento em Cabul.
No caso de um ataque, de acordo com o líder da Casa Branca, a resposta será “rápida e poderosa”, prometendo defender os cidadãos dos EUA com o “uso devastador da força”. “Se necessário, o governo norte-americano conduzirá ações antiterroristas no Afeganistão”.
“Assim que tivermos concluído esta missão, concluiremos nossa retirada militar”, disse.
Talibã assume controle de palácio presidencial em Cabul
O grupo fundamentalista islâmico Talibã assumiu neste domingo controle do palácio presidencial em Cabul, após o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, deixar o país.
Os combatentes entraram na capital afegã depois de horas de cerco e após defender uma rendição pacífica do governo nacional.
Com o avanço do em Cabul, cenas de desespero nesta foram registradas nesta segunda-feira (16/08) no aeroporto da cidade. Alguns moradores locais se agarraram nos trens de pouso dos aviões militares norte-americanos para tentar fugir do país.
(*) Com Ansa.