Agência Efe
Presidente executivo do Standard Chartered, Peter Sands, que foi responsável pela negociação em Nova York
O banco britânico Standard Chartered concordou em pagar 340 milhões de dólares em multa a uma agência reguladora norte-americana. O DFS (Departamento de Serviços Financeiros de Nova York) que acusou a instituição de ter lavado bilhões de dólares para o Irã e mentido em seus registros. O acordo de última hora livrou um dos mais antigos bancos do Reino Unido de ter sua licença cassada pelo DFS em audiência marcada para esta quarta-feira (15/08).
Para conseguir estabelecer o trato à tempo e acalmar os mercados, o presidente executivo da empresa, Peter Sands, embarcou para Nova York com urgência nesta terça-feira (15/08) a fim de se reunir com a agência local, que está sob a liderança de Benjamin M. Lawsky.
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Apesar de não assumir a culpa pelas acusações, o Standard Chartered concordou em pagar a multa milionária, submeter sua filial em Nova York a dois anos de observação pelas autoridades locais e a instalar mecanismos mais efetivos de controle de transações financeiras, informou na terça (15/08) Lawsky. Segundo Julie Gibson, porta-voz da instituição financeira, o acordo ainda será formalizado, mas os termos foram os determinados na reunião entre Sands e o DFS.
Conflitos internos
A solução foi uma grande vitória da agência nova-iorquina de apenas 10 meses, informou o jornal norte-americano The New York Times. “O Estado e a nação ainda estão pagando o preço por um sistema regulatório com falhas e isso não pode acontecer novamente”, disse o governador Andrew Cuomo que parabenizou a agência pelo trabalho.
Em uma negociação sem parceiros, o DFS do Estado conseguiu garantir um valor de multa tão alto quanto os estabelecidos pela Promotoria do Estado em acordos com bancos, o que provocou reações controversas entre autoridades federais.
Agência Efe
De acordo com o New York Times, alguns membros das agências federais afirmaram que o escritório de Lawsky estava ultrapassando suas atribuições e que seu trato poderia minar um acordo mais abrangente entre o Standard Chartered e os reguladores federais que também investigam as contas do banco.
Semanas antes do DFS de Nova York anunciar suas acusações à instituição financeira, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu não processar criminalmente o banco britânico depois de concluir que a maioria das transações com contas iranianas não romperam com a lei norte-americana, apesar de tratarem de um país sancionado pelos EUA.
O caso
A agência de Nova York, no entanto, sustenta que o Standard Chartered não relatou corretamente suas movimentações ao esconder as identidades de seus clientes iranianos; mentir para as autoridades; e dificultar os esforços dos reguladores norte-americanos de detectar lavagem de dinheiro. Por esta razão, Lawsky acredita que o banco violou a lei nacional e poderia ter sua licença cassada.
O caso veio à tona na terça-feira da semana passada (07/08) com a divulgação do relatório elaborado pelo DFS. Segundo o documento, a instituição britânica realizou pelo menos 60 mil transações com contas iranianas, o que estaria proibido pelas sanções dos EUA ao país. A agência ainda chamou o banco de “instituição pária” e afirmou que a empresa lucrou milhões de dólares com as operações.
O Standard Chartered não é a primeira instituição financeira a enfrentar acusações das autoridades dos EUA. Em julho, o HSBC foi acusado pelo Senado de lavar dinheiro para o narcotráfico mexicano, mafiosos russos e para a organização terrorista Al Qaeda. O banco alemão ING Bank NV concordou, em junho, a pagar 619 milhões de dólares por ter movimentado secretamente bilhões de dólares para iranianos e cubanos.