Milhares de fiéis se reúnem na Praça de São Pedro, no Vaticano, na manhã desta quarta-feira (27/02), para assistir à última audiência pública do pontificado do Papa Bento XVI. Joseph Ratzinger apareceu para o público, no Papamóvel, por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília) e foi recebido com gritos de “Bento! Bento!” e “Viva o Papa!”.
Efe
Adeus: Joseph Ratzinger se despede dos fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano, na última audiência como Papa Bento XVI
“Eu jamais vou me sentir só”, disse o Papa, além de afirmar que agradece a Deus pelas pessoas que foram colocadas em seu caminho ao longo de sua jornada. “Dei esse passo com serenidade de espírito”, afirmou sobre a renúncia.
Na quinta-feira (28/02), ele deixará o posto e passará a ser chamado de “Papa Emérito”. Amanhã, no Palácio Papal, o decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, fará um pequeno discurso de despedida, e então cada cardeal poderá separadamente se despedir do pontífice. Durante a tarde, no Tribunal de Saint-Damase, no coração do pequeno Estado, a Guarda Suíça carregará suas bandeiras em saudação.
Em seguida, por volta das 13h (horário de Brasília), Bento XVI irá para o heliporto do Vaticano para viajar a Castel Gandolfo, 25 quilômetros ao sul de Roma, a residência de verão do Papa, onde passará dois meses, antes de se estabelecer em um mosteiro no Monte do Vaticano. Bento XVI chegará à residência de verão e saudará os fiéis a partir da varanda. Esta será sua última aparição como chefe da Igreja.
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Nada de especial está previsto quando o relógio badalar oito horas da noite (hora local), momento em que oficialmente termina o pontificado. Ele provavelmente estará em oração na capela neste momento. Às 20h, o pequeno destacamento da Guarda Suíça, em frente à residência, fechará a porta e colocará assim um fim ao seu serviço, reservado exclusivamente ao Papa.
Segundo o Vaticano na terça-feira, Ratzinger manterá após a renúncia o nome de Bento XVI, adotará o título de 'papa emérito' e continuará a ser chamado de 'Sua Santidade', tratamento reservado apenas aos papas.
Eleição
Apesar da expectativa do público com os eventos dos próximos dois dias, grande parte das atenções já estão voltadas para a escolha do novo pontífice. 'Espero que o próximo papa seja mais carismático que o atual. Acho que a figura de Bento XVI foi meio apagada, principalmente depois de João Paulo II, que realmente tinha uma empatia maior com o publico', disse à BBC o turista espanhol Antonio Calcinas, de 53 anos, enquanto passeava pela praça de São Pedro nesta terça-feira.
Como um de seus últimos atos à frente da Igreja, Bento XVI modificou as regras para a realização do conclave, a reunião de cardeais que elegerá o novo pontífice, para permitir que ele aconteça antes dos 15 dias após a vacância do cargo, como determina o direito canônico.
Segundo determinação de Bento XVI, os cardeais eleitores poderão escolher quando começar o conclave, desde que todos já estejam na cidade. Espera-se que o conclave seja iniciado por volta do dia 10 de março, para permitir que um novo pontífice seja escolhido e instalado a tempo de comandar as celebrações de Páscoa no Vaticano, no fim do mês.
O número exato de cardeais que participarão do conclave ainda parece incerto, após o cardeal escocês Keith O'Brien renunciar na segunda-feira ao cargo de arcebispo de St. Andrews e Edimburgo em resposta a acusações feitas no fim de semana sobre 'atos impróprios' supostamente cometidos por ele contra padres nos anos 1980.
Com a decisão de O'Brien, cresce a pressão para que cardeais acusados de acobertar escândalos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes, como o arcebispo de Los Angeles, Roger Mahony, ou o cardeal primaz da Irlanda, Seán Brady, também se abstenham do conclave.
* Com informações da AFP e BBC Brasil