O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou ontem (19) uma ambiciosa iniciativa de segurança viária com a qual procura, em um período de 10 anos, reduzir pela metade as 120 mil mortes anuais provocadas pelos acidentes de trânsito na América Latina.
Atualmente, a América Latina e o Caribe têm uma taxa de 17 mortes por cada 100 mil pessoas em percursos viários, quase o dobro da média mundial. Segundo cálculos do BID, se a tendência continuar as mortes poderiam chegar a 31 por cada 100 mil para o ano 2020, a maior taxa do planeta.
Este tipo de acidentes é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a segunda para aqueles de entre 5 e 14, e para alguns países representa uma despesa de entre 1% e 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB).
“Os cidadãos tomam precauções e evitam situações de perigo como entrar em lugares escuros e solitários, onde existe risco de assalto e roubo, mas existe uma ameaça mais real e imediata em nossas vidas cotidianas, que abate milhares de vidas todos os anos e à qual não prestamos suficiente atenção”, disse o presidente do BID, Luis Alberto Moreno.
Estradas seguras
“Na região, o cidadão médio ainda não tomou consciência sobre o risco que representa atravessar a pé uma via transitada, circular sem cinto de segurança, dirigir sob efeitos do álcool, viajar em um carro em mau estado, ou montar em uma motocicleta sem capacete”, destacou Moreno, durante a Assembleia Anual de governadores do BID, que começou ontem na cidade de Cancún (México).
O funcionário criticou que os Governos da região não tenham realizado “um trabalho adequado para tornar as ruas e estradas lugares mais seguros”.
“A iniciativa do BID, denominada 'Faça sua parte: Vias seguras para todos' apoiará a aplicação e cumprimento de medidas preventivas como a melhora da segurança viária, das infraestruturas, as imposições obrigatórias da revisão técnica dos veículos e o estabelecimento de limites de velocidade e de taxas máximas de álcool, entre outras,” disse.
Por sua vez, Karla González, encarregada do projeto de segurança viária do BID, explicou em declarações à Agência Efe que o banco aprovou um orçamento inicial de US$ 90 milhões para as primeiras fases do plano, que conta com o apoio de personalidades como o piloto de Fórmula 1 Felipe Massa.
Carros populares
Em primeiro lugar, o banco assinou um contrato com o Programa Internacional de Avaliação de Estradas (Irap, na sigla em inglês) que realizará uma avaliação do “corredor Pacífico”, uma estrada que atravessa o território compreendido entre México e Panamá, e pela qual se transporta 95% da carga terrestre na América Central.
Além disso, com a Fundação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), o BID desenvolverá um programa para avaliar a segurança de alguns dos carros mais populares vendidos na América Latina, similar à iniciativa do European New Car Assessment Programme (Euro NCAP) na Europa.
Junto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dependência procura também criar um observatório que recolha dados sobre acidentes de trânsito e mortes, e promova estudos sobre as políticas e práticas mais eficientes para melhorar a segurança viária.
A instituição regional já começou a trabalhar no Paraguai, Chile, México, Colômbia e países centro-americanos para alcançar seu objetivo de salvar as vidas de 60 mil latino-americanos a cada ano
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