O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair admitiu hoje (29) que apoiou inteiramente a invasão do Iraque em 2003 pois acreditava que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. Segundo Blair, o líder iraquiano ignorou resoluções das Nações Unidas, mas a ação não pretendia uma “mudança de regime”. Ele insistiu que os atentados de 11 de Setembro de 2001 mudaram dramaticamente sua visão da ameaça representada por Saddam, executado em 2006.
Andy Rain/EFE
Segundo Blair, os atentados de 11 de Setembro alteraram o cálculo de risco com relação a Saddam
“Eu francamente não tinha qualquer dúvida que Saddam Hussein guardava armas de destruição em massa”, afirmou Blair em declaração a uma comissão pública que investiga a atuação da Grã-Bretanha na invasão ao Iraque, em Londres.
Blair foi questionado sobre uma recente entrevista, na qual disse que teria invadido o Iraque mesmo sabendo que não seriam encontradas armas de destruição em massa. “Eu não usei as palavras 'mudança de regime' naquela entrevista”, explicou. Segundo ele, a intenção era afirmar que “você não pode descrever a natureza da ameaça da mesma forma que se soubéssemos então o que sabemos agora”.
Blair disse que o Iraque já estava na ocasião “há dez anos desafiando” as resoluções sobre armas de destruição em massa e era preciso reverter esse quadro. O ex-primeiro-ministro afirmou que os atentados nos EUA mostraram que o Ocidente não poderia continuar assumindo o risco de Saddam reativar seu programa de armas. “O ponto crucial após o 11 de Setembro é que mudou o cálculo do risco”, defendeu. Segundo ele, isso não se tratava de uma posição apenas dos norte-americanos, mas também a sua própria e do Reino Unido.
Protestos
Presentes ao depoimento de Blair estavam parentes dos 179 soldados britânicos mortos na guerra no Iraque. Reg Keys, que perdeu o filho Thomas em 2003, disse esperar ouvir de Blair a razão de o ex-primeiro-ministro aprovar um dossiê, usado para justificar a invasão, afirmando que Saddam poderia utilizar armas de destruição em massa em 45 minutos. “Este é um dia pelo qual esperamos muito tempo e quero ouvir o que ele tem a dizer.”
Centenas de manifestantes estavam na entrada do centro de conferências, com cartazes como “Bliar” (jogo de palavras entre o nome do ex-líder e a palavra mentiroso em inglês) e “Tony Blair é um criminoso de guerra”, segundo o jornal The Guardian.
EFE
A multidão chamou Blair de “covarde”, após ele entrar no prédio por uma porta lateral. “Ele não tem a integridade para vir e encarar as pessoas. Entrar pela porta dos fundos é típico de suas mentiras, fraudes e evasivas”, acusou Lindsey German, membro da entidade Stop The War Coalition em entrevista a jornalistas no local.
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