Atualizada às 11h07
Um grupo de oposicionistas, conhecido como “Resistência Juvenil Cochala”, sequestrou nesta quarta-feira (06/11) a prefeita de Vinto (a 18 km de Cochabamba), Patricia Arce, do partido do presidente Evo Morales, após invadir e incendiar o prédio da prefeitura.
Enquanto esteve nas mãos dos sequestradores, Arce teve o cabelo cortado e foi banhada de tinta vermelha, além de ser obrigada a caminhar descalça até o rio Huayculi – tudo registrado pelas redes sociais. Os manifestantes que a sequestraram a acusaram de “semear ódio”.
A polícia foi chamada desde o começo, mas só apareceu quatro horas depois do início das agressões à prefeita, de acordo com o jornal El Deber.
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Morales condenou as ações, que classifica como racistas. “Toda minha solidariedade com nossa irmã prefeita de Vinto, Patricia Arce, sequestrada e humilhada cruelmente por expressar e defender seus ideais e os princípios dos mais pobres. Condenamos as ações violentas que causam luto e dor na família boliviana”, escreveu, no Twitter.
O próprio Carlos Mesa, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais, pediu moderação após o caso de Arce vir à tona. “Meçam a ação e meçam a reação, a não violência, a atitude pacífica, a atitude convencida, o não se render podem ser combinados. Parece difícil, mas quero que saibam que estou ao seu lado”, disse.
Reprodução
Patricia Arce, prefeita de Vinto, foi pintada de vermelho e teve os cabelos cortados após sequestro
Morte
De acordo com La Razón e El Deber, um grupo pró-Morales, formado principalmente por cocaleiros que se dirigiam a uma manifestação na cidade, tentou desbloquear a ponte Huayculi e foi recebido com violência pelo “Resistencia Juvenil Cochala”. Tanto os apoiadores de Moraes, quanto os da oposição, ainda segundo os jornais, estavam armados com paus e pedras.
No confronto entre manifestantes pró e anti-Morales, o estudante Limbert Guzm´án, de 20 anos, foi atingido na cabeça e morreu. A polícia interveio e lançou bombas de gás lacrimogêneo para dispersá-los.
O boletim médico apontou traumatismo craniano e fratura na base do crânio de Guzmán, que levaram à morte cerebral. A irmã do estudante, Aida, afirmou a La Razón que o jovem havia sido pago pelo “partido de [Carlos] Mesa e [Luis Fernando] Camacho” para bloquear a ponte, e que, “como estudava, queria ganhar uns centavos”.
Morales lamentou a morte de Guzmán. “Expresso meu profundo pesar pelo falecimento do jovem Limbert Guzmán, vítima inocente da violência promovida por grupos políticos que alimentam o ódio racial entre irmãos bolivianos. Reitero meu chamado à paz social para devolver a tranquilidade a nosso povo”, escreveu, pelo Twitter.