Sábado, 8 de novembro de 2025
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O Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes divulgou nesta terça-feira (17/08) um relatório sobre as investigações relacionadas ao golpe de Estado de 2019 na Bolívia e o governo da autoproclamada presidente Jeanine Áñez. 

O documento reitera que houve ruptura da ordem constitucional, perseguição política, massacres e abuso policial. 

Luis Arce, atual presidente do país, pediu ao Parlamento que aprove o quanto antes a abertura de processos contra os responsáveis e assegurou que o Estado irá desestruturar grupos armados irregulares. 

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“Hoje devemos estar a altura das circunstâncias para que justiça seja feita, por isso todas as forças políticas devem assumir essa responsabilidade que se traduz em compromisso com a democracia”, declarou o chefe de Estado boliviano. 

O relatório, que analisa o período de 1º de setembro a 31 de dezembro de 2019, foi apresentado em uma cerimônia pública no Banco Central da Bolívia. Os especialistas confirmam as 37 vítimas dos massacres de Senkata e Sacaba, em novembro do mesmo ano. Também apontam que houve perseguição política contra movimentos populares e indígenas. Um dos casos mais emblemáticos foi o linchamento público da ex-prefeita de Vinto e atual senadora, Patrícia Arce Guzmán. 

Segundo a organização, ainda houve execuções sumárias, abuso sexual, agressões a jornalistas e que a violência foi implementada pelos corpos de segurança do Estado com apoio de grupos armados irregulares.

Presidente boliviano Luis Arce pediu punição aos responsáveis, enquanto opositores exigem reforma judicial antes de abrir processos

Reprodução/ Presidência Bolívia

‘Não é vingança, é justiça’: familiares das vítimas acompanharam a apresentação do relatório

Além disso, sugerem que o Estado boliviano pense em uma reestruturação das forças de segurança “para superar um comportamento autocrático”.

Atendendo as indicações do grupo de especialistas, o presidente boliviano já anunciou que irá anular o Decreto 4461, que confere anistia a políticos, e irá criar uma comissão para realizar um censo das vítimas e oferecer reparação integral. 

Golpe

Em outubro de 2019, após vencerem a quinta eleição consecutiva, Evo Morales e Alvaro García Linera foram obrigados a renunciar por pressão das Forças Armadas. Enquanto isso, a Polícia Nacional organizou motins e todos os sucessores vinculados ao Movimento Ao Socialismo (MAS-IPSP) foram perseguidos para deixar o caminho livre para Áñez.

Após a ascensão de Arce, em 2020, o Ministério Público da Bolívia abriu um processo aberto para investigar o golpe de Estado e já decretou a prisão preventiva da ex-presidente autoproclamada, quatro ex-ministros e membros das Forças Armadas. 

O ex-comandante das Forças Armadas Williams Kaliman, assim como ex-ministro de Governo Arturo Murillo viajaram aos Estados Unidos, foragidos da Justiça. Murillo foi preso por suborno e lavagem de dinheiro, sua extradição não foi confirmada pelas autoridades norte-americanas. 

Enquanto há suspeitas de que o ex-ministro de Defesa, Fernando López continue no Brasil, depois de fugir das investigações no seu país.  

(*) Com Brasil de Fato.