O jornal norte-americano Miami Herald publicou nesta segunda-feira (09/01) um editorial sobre os acontecimentos deste domingo em Brasília, quando grupos bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal, em uma tentativa frustrada de golpe de Estado.
O artigo do diário de Miami faz um paralelo com os acontecimentos do dia 6 e janeiro de 2021 em Washington, quando apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos.
“Impossível não ver a ironia de outro líder de extrema direita que, durante anos, incitou sua base com acusações infundadas de fraude eleitoral”, afirma o texto do Miami Herald, em uma clara comparação entre Trump e Bolsonaro.
Em seguida, o artigo afirma que os dois episódios mostram que “a marca da política conservadora disseminada por Bolsonaro e Trump não pode ser dissociada da violência. Eles estão imersos na crença de que o ‘progresso’ deve ser alcançado a todo custo, mesmo que isso signifique desmantelar a democracia que permitiu que eles fossem eleitos em primeiro lugar. Pouco os diferencia dos movimentos fascistas do Século XX”.
Marcelo Camargo / Agência Brasil
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro
Mas o texto também afirma que o caso de Bolsonaro é mais grave que o de Trump, ao ressaltar que “enquanto o ex-presidente brasileiro se retirava para um condomínio fechado de luxo na Flórida – onde ele foi visto fazendo coisas mundanas como compras de supermercado – seus apoiadores saquearam e desfiguraram o Congresso Nacional do Brasil, o palácio presidencial e o edifício da Suprema Corte”.
O parágrafo enaltece o próprio título do artigo, que resume bem a tese que o jornal defende: “Bolsonaro se esconde na Flórida enquanto apoiadores violentos fazem o trabalho sujo para ele no Brasil”.
Antes da conclusão, o artigo acrescenta que “o trumpismo e o bolsonarismo não se definem por autorreflexão e amor à pátria. A principal característica desses fenômenos é a autoilusão. Não há fatos, argumentos ou alegações que impeçam esses homens – e seus seguidores zumbis – de infligir danos às democracias dos seus países”.
“A estada de Bolsonaro na Flórida – onde Trump só cresceu em popularidade após seu primeiro mandato – é um lembrete vergonhoso de que muitas pessoas estão bebendo seu Ki-Suco envenenado”, diz o último parágrafo do editoral.