O presidente chileno Gabriel Boric manifestou seu pesar pela morte de Guillermo Teillier, líder histórico do Partido Comunista do Chile (PCCh), ocorrida nesta terça-feira (29/08).
O mandatário chileno difundiou um comunicado dizendo que “hoje, lamentamos a partida de Guillermo Teillier, dirigente histórico e referente comunista, que teve um papel essencial na formação das novas gerações. Envio um grande abraço à sua família, amigos e às suas companheiras e companheiros de partido neste momento de tristeza”.
O mandatário também decretou luto oficial no país “como homenagem ao legado que ele deixou ao Chile durante toda sua vida, e ao seu incansável esforço por construir uma sociedade mais justa”.
Boric foi uma das figuras destacadas do velório de Teillier, realizado no edifício do antigo Congresso Nacional, em Santiago – o atual Congreso fica na cidade de Valparaíso. Durante a cerimônia, o mandatário formou a guarda de honra ao lado do féretro de Teillier, junto com a ministra porta-voz da República, Camilla Vallejo, que é militante do Partido Comunista.
Em declaração à imprensa local, o presidente chileno fez uma declaração que soou como uma comparação provocativa ao pinochetismo, ao dizer que o ex-presidente do Partido Comunista, “morreu como um homem digno, orgulhoso da vida que teve. Há outros que morrem de forma covarde, sem enfrentar a Justiça”.
Parte da imprensa chileno considerou que a frase fazia alusão ao ditador Augusto Pinochet, que morreu em dezembro de 2006, enquanto enfrentava processos por violações aos direitos humanos em tribunais do Chile e da Espanha.
Além de Vallejo, outras figuras importantes do Partido Comunista estiveram presentes no velório, como os senadores Daniel Núñez e Claudia Pascual, as deputadas Karol Cariola, Lorena Pizarro e Daniela Serrano, o prefeito de Recoleta e ex-pré-candidato presidencial Daniel Jadue e a prefeita de Santiago, Irací Hassler.
Presidência do Chile
Presidente chileno Gabriel Boric e ministra Camila Vallejo encabeçaram guarda de honra ao féretro de Teillier
Em declaração a Opera Mundi, a governante da capital chilena destacou a importância de Teillier para a renovação dentro do Partido Comunista. “Para que eu pudesse ser prefeita da maior cidade do Chile aos 31 anos de idade, para que tivéssemos figuras como a Camila (Vallejo) e a Karol (Cariola, deputada e líder da bancada do PC), ambas também com menos de 40, era preciso uma liderança que ajudasse as figuras mais jovens a encontrar seu espaço, especialmente as mulheres, e ele foi essa figura”, conta a prefeita santiaguina.
Figuras internacionais
O falecimento de Guillermo Teillier também repercutiu internacionalmente. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi uma das figuras que prestou sua homenagem ao líder histórico dos comunistas chilenos.
“A morte de Teillier dói em Cuba como a de um compatriota, porque ele foi um dos nossos, no sentido dos ideais que nós compartilhamos. Foi um compatriota da Nossa América, como Allende e como Fidel”.
O sociólogo Valter Pomar, do Núcleo de Cooperação Internacional da Fundação Perseu Abramo difundiu uma nota dizendo que Teillier “deixou um importante legado de luta pelo socialismo, pela democracia e pelo bem-estar do povo chileno e do mundo”.
Quem também se manifestou sobre a morte de Teillier foi o ex-vice-premiê espanhol Pablo Iglesias, outrora líder do extinto partido Podemos (cujos ex-integrantes formam parte, hoje, do Movimento Somar, liderado pela atual vice-premiê espanhola, Yolanda Díaz).
Em sua declaração, Iglesias disse que “morreu Guillermo Teillier, presidente do Partido Comunista do Chile, allendista, veterano da Unidade Popular e combatente contra a ditadura de Pinochet. Porque eles foram, nós somos. Porque nós somos, outros serão”.