O presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, que enfrenta há duas semanas protestos inéditos em 20 anos de poder, anunciou nesta segunda-feira (11/03) que desiste de disputar um quinto mandato e o adiamento da eleição presidencial prevista para 18 de abril.
Em uma mensagem à nação, publicada pela agência oficial APS, o chefe de Estado afirma que a eleição presidencial será realizada após uma conferência nacional encarregada de reformar o sistema político e preparar um projeto de Constituição até o final de 2019.
Bouteflika retornou à Argélia no domingo (10/03) depois de duas semanas de internação na Suíça para “exames médicos de rotina”. Ao se comprometer “a entregar os poderes e prerrogativas de presidente da República ao sucessor que o povo argelino escolher livremente”, Bouteflika indica que seguirá como chefe de Estado até o final de seu mandato, em 28 de abril de 2019.
“Não haverá quinto mandato e nunca foi minha intenção, pois meu estado de saúde e minha idade só permitem o cumprimento de um último dever perante o povo argelino, que é a instalação das bases de uma nova República”, declarou Bouteflika nesse texto. O presidente argelino ressaltou que, desta forma, “satisfaz um pedido insistente que muitos de vocês (argelinos) expressaram”.
Troca de ministros
A próxima eleição presidencial “acontecerá ao final de uma conferência nacional inclusiva e independente (…) bastante representativa da sociedade argelina” que “deverá se esforçar para completar seu mandato antes do final de 2019”, acrescentou Buteflika. Muitas buzinas de veículos começaram a ser ouvidas no começo da noite no centro de Argel.
Por sua vez, Noureddine Bedoui, até o momento ministro do Interior, foi nomeado primeiro-ministro em substituição a Ahmed Ouyahia, alvo, junto com Bouteflika, dos protestos no país. Bedoui será encarregado de formar o novo governo, segundo a APS. Ele terá como vice-primeiro-ministro Ramtane Lamamra, nomeado igualmente à pasta das Relações Exteriores.
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Bouteflika anunciou que não vai disputar quinto mandato