O presidente Lula embarcou nesta terça-feira (11/04) para a China. Na agenda oficial, que começa na quinta-feira (12/04), estão previstas assinaturas de 20 acordos bilaterais, além da participação do petista na posse de Dilma como presidenta do banco dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping.
Apesar das gafes diplomáticas, a relação comercial com a China se manteve mesmo sob o governo Bolsonaro. Para falar sobre a expectativa do encontro entre Lula e Xi Jinping e as parcerias estratégicas entre os dois países, o programa Central do Brasil desta terça-feira (11/04) conversou com Marco Fernandes, pesquisador do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social.
Fernandes pontuou que a expectativa na China para a visita do presidente Lula é alta e que o comércio entre os dois países ainda é desequilibrado. “A gente vê que a exportação do Brasil para China é baseada em commodities de baixo valor agregado, a soja, o minério de ferro, o petróleo bruto. É quase 90% da nossa exportação. Dos dois lados há essa consciência, tanto do governo Lula de que é preciso elevar o nível – com, por exemplo, transferência de tecnologia em agricultura e em setores como o aeroespacial – e o governo chinês também vem dizendo que essa relação está desequilibrada e que o Brasil é muito maior do que a nossa atual pauta de exportação.”
Para ele, a viagem de Lula à China abre portas e possibilidades para que a gente possa avançar numa pauta muito mais estratégica com o país do que “meramente exportar commodities”. “Nenhum outro país reúne a capacidade industrial, tecnológica, financeira e política da China para fechar acordos que podem para o Brasil significar um avanço muito grande nos próximos anos.”
José Cruz/Agência Brasil
Lula e o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, em fevereiro de 2023
O pesquisador pontuou que os investimentos chineses não foram poucos no Brasil nos últimos 16 anos e que o país deve apostar em parcerias entre empresas chinesas e brasileiras, as chamadas joint-ventures. “O Brasil foi o quarto maior receptor de investimentos no mundo. O problema é que os investimentos chineses estão muito concentrados no setor de energia, 76% dos investimentos chineses nos últimos 15, 16 anos no Brasil foram somente no setor de energia. Avançar nessa pauta das joint-ventures vai ser estratégico pro Brasil, somente 6% foram para joint-ventures e mais de 70% para fusões e aquisições”, defende.
A expectativa também é grande com relação à posse de Dilma como presidenta do banco dos Brics, avalia Fernandes. “O banco dos Brics é uma das principais ferramentas que o sul global vai ter nos próximos anos na construção de um mundo multipolar, de alternativas concretas ao Banco Mundial e ao FMI [Fundo Monetário Internacional]. Pela primeira vez o banco dos Brics vai ter uma liderança global respeitadíssima no mundo inteiro”, afirmou.
Ele acrescenta ainda que, com uma nova representante do banco, abre-se a possibilidade de expansão dos Brics nos próximos anos. “Com essas ferramentas tanto do banco para financiamento de projetos nos países global, como um fundo alternativo, que é o arranjo de reserva contingente, que pode ser uma alternativa ao FMI para países que estão com problemas de reserva internacional.”
Meio ambiente
O governo Lula chegou aos 100 dias com medidas consideradas fundamentais para a reconstrução da política ambiental brasileira. Mas especialistas dizem que ainda há um longo caminho para superar o desmonte promovido durante o governo Bolsonaro.
Violações de direitos
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou o documentário Vento Agreste, que evidencia os danos das usinas eólicas no agreste de Pernambuco.