Diante da resistência de Estados Unidos ao acordo firmado entre Turquia, Brasil e Irã e o anuncio feito pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, nesta terça-feira (18/5), sobre a aprovação de um rascunho com novas sanções ao país governado por Mahmoud Ahmadinejad, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse que irá reivindicar diante do Conselho de Segurança da ONU uma atitude mais diplomática.
Amorim, que lembrou que o acordo é “resultado de uma negociação, e não de confrontação”, informou que enviará uma carta escrita em parceria com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, aos membros do conselho solicitando a interrupção dos debates em torno das sanções. Em Nova York, a enviada brasileira à Organização das Nações Unidas afirmou que “o Brasil não está envolvido em qualquer discussão sobre um esboço neste momento porque sentimos que há uma nova situação”.
Leia também:
Opinião: Acordo Brasil-Irã resolve o impasse nuclear?
Acordo Brasil-Irã-Turquia é positivo e descrença “não tem sentido”, diz consultor da AIEA
Brasil confirma assinatura de acordo nuclear com Irã e Turquia
Irã não pode voltar atrás em acordo com Brasil e Turquia, diz crítico de Ahmadinejad
A embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti disse a jornalistas, paralelamente a uma reunião do Conselho de Segurança, que “houve um acordo ontem (segunda-feira) que é muito importante”, em referência à negociação em Teerã envolvendo Brasil, Turquia e Irã. O Brasil é membro não permanente do conselho.
Para a diplomacia brasileira, é preciso levar em conta que esta é a primeira vez que o Irã aceita, por escrito, uma proposta relativa ao seu programa nuclear, sem impor nenhum tipo de condição. Também pela primeira vez, e por escrito, o Irã aceita que entregar 1,2 mil quilos de urânio a outro país, que é exatamente a proposta original da própria Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica).
Também nesta terça, o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia expressou a vontade do Brasil em participar, junto a Turquia, das negociações do Grupo 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Reino Unido, China, Rússia, Estados Unidos e França) e a Alemanha.
Em declarações à imprensa, Garcia disse que “seria normal e desejável” que Brasil e Turquia pudessem participar de boa parte das negociações, mas deixou claro que não há nenhuma “pretensão de formar um novo grupo”.
Diálogos
Diante da declaração de Hillary de que China e Rússia, dois países que não haviam aprovado até então as medidas, concordaram com os termos de um documento inicial elaborado também por França e Reino Unido, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que a questão, apesar de polêmica, merece uma chance diplomática para vingar.
“Peço à comunidade internacional que apoie a declaração final, que terá muito efeito para a paz internacional”, disse em entrevista coletiva em Madri, onde participou hoje da VI Cúpula União Europeia – América Latina e Caribe.Já as autoridades chinesas se manifestaram apenas por meio de seu porta-voz oficial do Ministério das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, que não discorreu sobre o pacote de sanções.
“Nós damos importância e apoio a este acordo, sempre fomos a favor do diálogo. Esperamos que isso ajude a promover uma resolução pacífica para a questão nuclear iraniana, por meio do diálogo e de negociações”, disse.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL