O Brasil é o quarto país mais atrativo para receber investimentos externos diretos, segundo pesquisa da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento) feita com 241 empresas ao redor do mundo, destinada a mostrar como será o comportamento do setor entre 2009 e 2011.
O Brasil ultrapassou a Rússia, atualmente na quinta colocação. Os primeiros colocados são China, Estados Unidos e Índia, nesta ordem.
Segundo o gerente do departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), André Rebelo, o Brasil é o “queridinho” dos investidores estrangeiros porque o mercado doméstico deve se expandir.
“A Rússia vive um período difícil, porque é muito dependente de petróleo e gás, e esses setores foram bastante afetados pela crise. Por outro lado, o mercado interno brasileiro segue crescendo”, disse em entrevista ao Opera Mundi. Segundo ele, o Brasil conta com a vantagem ter tido um “crescimento mais estável” que outros países em desenvolvimento nos últimos anos, ainda que tenha crescido menos.
A economia russa deve cair 8,5% este ano e se restabelecer muito lentamente, de modo que nem em 2012 terá recuperado o ritmo de crescimento de 2008 (de 5,6%), segundo relatório do Ministério da Economia russo divulgado este mês pela Bloomberg.
O tamanho do mercado local é o principal fator para a escolha do Brasil para investimentos, segundo a Unctad, seguido pelo crescimento do mercado, a presença de fornecedores e parceiros, o acesso ao mercado internacional e a mercados regionais e a presença de um ambiente estável e favorável para negócios.
O professor de Economia Enéas Gonçalves de Carvalho, da Unesp, concorda. “A Rússia foi muito mais impactada pela crise que o Brasil”.
Pontos fracos
Para conseguir uma colocação melhor, o Brasil teria de consertar diversas falhas estruturais, segundo André Rebelo, como falta de marco regulatório, de infra-estrutura, mão de obra pouco qualificada, carga tributária alta e de estrutura complexa, alta taxa de juros.
Carvalho acha difícil o Brasil subir de posição. “Para o país ficar mais atraente, teríamos que crescer mais que a Índia, o que não é tão simples”.
Entretanto, de acordo com o relatório, devido ao impacto negativo da crise econômica e às incertezas quanto à evolução no curto prazo, o investimento estrangeiro diminuirá em 2009: 57% das cerca de 241 empresas pretendem cortar gastos. Somente 22% têm intenção de aumentar os investimentos – em 2008, esse índice foi de 60%, segundo o Financial Times.
Emergentes
Empresas de países emergentes parecem, segundo a pesquisa, um pouco mais otimistas que aquelas de países desenvolvidos, especialmente se comparadas com as europeias. Transnacionais de países em desenvolvimento com fluxos de investimento mais resistentes em 2008 indicam mais dinamismo para os próximos três anos.
Para os analistas, a explicação reside nos índices de crescimento dos países emergentes, superiores aos dos países desenvolvidos. “Vamos imaginar uma empresa chinesa ou indiana. Sua principal base é a economia doméstica, que está crescendo. Por outro lado, nos países desenvolvidos, as empresas estão muito mais afetadas. E uma empresa chinesa e indiana é muito menos internacionalizada”, diz Carvalho.
Do mesmo modo, empresários de países desenvolvidos não estariam animados a investir por se encontrarem numa situação econômica pior. O PIB norte-americano deve cair 3% neste ano e o alemão, 6%, segundo projeções do FMI. “O pessimismo sempre está ligado à dinâmica da demanda”, explica o especialista da Fiesp.
Indústria automotiva
As indústrias automotiva, metalúrgica e química foram as que expressaram as visões mais negativas quanto a seus planos de investimento. Por outro lado, os planos das áreas de agricultura e produtos farmacêuticos foram pouco afetados, com um prospecto de crescimento rápido no médio prazo.
Carvalho afirma que a indústria automobilística foi uma das mais afetadas pela crise atual, e por isso não estaria em condições de investir. “É um tipo de indústria que depende muito de crédito. As compras são feitas com crédito”.
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