Após reunir-se com o presidente chileno, Sebastián Piñera, no Palacio La Moneda, Jair Bolsonaro anunciou neste sábado (23/03) que o Brasil não pode comprometer-se a atingir metas climáticas impossíveis porque precisa também preocupar-se com o seu desenvolvimento. Durante a coletiva à imprensa, ele antecipou que uma delegação brasileira vai participar da próxima COP 25, que acontece no Chile, mas que “o Brasil não vai assinar nenhum acordo” no evento.
Jair Bolsonaro não confirmou a participação dele no evento. “Caso for possível, estarei presente, mas estarei muito bem representado pelo nosso ministro do Meio-ambiente”. De qualquer maneira, o presidente antecipou que não vai assinar nenhum acordo com objetivos inatingíveis para o Brasil, que deve se preocupar com o seu desenvolvimento. “O Brasil não está fora da COP 25, mas, por uma questão que preocupa a todos que têm conhecimento sobre o país e que hão de concordar comigo, nós não podemos assinar um acordo onde alguns objetivos são impossíveis de serem atingidos”, avisou Bolsonaro.
O presidente brasileiro afirmou que, apesar disso, o Brasil não pode ser acusado pela comunidade internacional de não preservar o meio ambiente. “Afinal de contas, o Brasil nada deve para o mundo no tocante à preservação do meio ambiente, se forem levadas em conta as nossas áreas e as áreas deles (dos países desenvolvidos). Temos essa preocupação (com o meio ambiente), mas, juntamente com ela, temos a preocupação com o desenvolvimento”, contrabalançou.
“Perda de soberania”
Bolsonaro disse que o Brasil vai comparecer “com muita satisfação” na COP 25 no Chile e que, com toda a certeza, todos ganharão com essa “participação brasileira”. Ele agradeceu ao presidente chileno por abrigar a conferência depois que o Brasil abdicou de sediar o evento. “Quero agradecer a vossa excelência por ter abraçado a COP 25 em seu país”, disse.
Para Bolsonaro, os acordos climáticos podem significar perda de soberania. “Minha grande preocupação é a região amazônica. Ela não pode continuar correndo o risco de ser internacionalizada. É um patriotismo da nossa parte. É uma preocupação, sim, de mantermos aquela área sob o nosso domínio”, salientou, desconfiado, Bolsonaro.
O Chile foi escolhido para sediar a próxima reunião da ONU sobre alterações climáticas depois que Jair Bolsonaro, em novembro, como presidente eleito, abdicou da candidatura brasileira. A conferência tem como objetivo determinar como serão implementados os compromissos que foram adotados em 2015 no Acordo Climático de Paris, do qual, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil.
A coletiva à imprensa dos dois presidentes ocorreu após um encontro de trabalho no Palácio de La Moneda. Antes de voltar a Brasília, Bolsonaro participou de um almoço ofercido por Sebastián Piñera. Pela manhã, ele se encontrou com empresários chilenos.
José Dias/PR/ Agência Brasil
Para Bolsonaro, os acordos climáticos podem significar perda de soberania.