Não houve acordo na reunião entre os países emergentes que
formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) sobre um plano concreto
de ajuda para solucionar a crise da dívida da zona do euro.
Os ministros de Finanças e os presidentes dos bancos
centrais dos cinco países se reuniram nesta quinta-feira em Washington, na
véspera das assembleias anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do
Banco Mundial.
Segundo o ministro das Finanças da Rússia, Alexey Kudrin, os
Brics abordaram o problema europeu em termos de “cooperação”, mas evitaram
falar em “ajuda ou assistência”. Havia a expectativa de que o grupo de países
emergentes anunciasse um aumento do volume de suas reservas internacionais em
euros, por meio de um programa de compra de bônus de países em dificuldade.
As autoridades, no entanto, saíram com evasivas quando
questionadas sobre o assunto. O presidente rotativo do grupo, o titular de
Finanças indiano, Pranab Mukherjee, se limitou a dizer que os Brics “farão
sua contribuição ao Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os
principais emergentes)” e contribuirão ali para “construir um
consenso” em torno do tema.
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“Estamos discutindo o assunto em cooperação com os europeus e também entre
nós”, acrescentou Kudrin.
Preocupação crescente
Após o encontro, os cinco países emitiram uma nota oficial
em que destacam a “preocupação crescente” com a instabilidade na Europa e dizem
que o problema da dívida nos países avançados e as dúvidas que cercam seus
planos de ajuste fiscal de médio e longo prazo “estão criando um clima de
incerteza para o crescimento mundial”.
Por outro lado, “a excessiva liquidez” derivada das políticas
agressivas adotadas por alguns bancos centrais para estabilizar seus mercados
internos “estão chegando aos mercados emergentes” e provocando uma
“excessiva volatilidade dos fluxos de capital e dos preços das
matérias-primas”.
O “problema imediato”, segundo os emergentes, é “devolver o
crescimento aos países desenvolvidos”.
Os Brics se declararam “abertos a considerar, se for necessário, a
possibilidade de prestar apoio, através do FMI e de outras instituições
financeiras internacionais, para enfrentar os desafios que abalam a
estabilidade financeira global, dependendo das circunstâncias de cada
país”.
Anteriormente, o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, pediu aos
europeus que sejam “rápidos, ousados e cooperativos entre eles”, para
pôr fim à instabilidade financeira. “Todos concordamos que a situação se
agravou nos últimos meses”, disse.
Se em 2008 o epicentro da crise financeira foi nos Estados Unidos, agora o
coração fica na União Europeia, e é ali, argumentou Mantega, onde tem de ser
tomadas decisões “sem demora”.
Caso contrário, advertiu, existe um perigo real que a situação se espalhe e
contagie as economias emergentes e menos avançadas, que já estão sofrendo os
efeitos da instabilidade sobre a taxa de inflação e as expectativas de crescimento.
“A cada dia que passa, a solução será mais difícil e mais cara”,
alertou Mantega.
*Com informações da agênia Efe.
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