Em oito anos, os rinocerontes poderão ser extintos da África do Sul. O alerta é feito pela Associação de Proprietários de Rinocerontes que busca chamar a atenção do mundo para a caça excessiva do animal praticada por turistas que chegam anualmente ao país.
Segundo a associação, apenas nos dois primeiros meses deste ano, mais de mil rinocerontes podem ter sido mortos durante as caças promovidas por grupos e agências de turismo. O número corresponde ao triplo do que foi registrado em todo o ano de 2011 no país.
Gleyma Lima/Opera Mundi
O chifre de rinocerontes sul-africanos é retirado ilegalmente e vendido por cerca de 120 mil dólares no mercado asiático
Os animais estão sendo mortos em reservas naturais particulares, já que a segurança dos parques nacionais teria aumentado nos últimos anos, segundo o jornal sul-africano The Star.
Na internet, é fácil encontrar sites de agências que vendem pacotes de caça esportiva de animais em países africanos. As empresas alegam que os animais caçados não correm risco de extinção e divulgam imagens nas próprias páginas onde é possível ver clientes posando ao lado de rinocerontes, leões e zebras mortos.
Nos pacotes oferecidos pelas agências, um búfalo acaba custando 8 mil dólares (R$14 mil), enquanto um elefante, cuja caça pode durar até cinco dias, tem o preço fixado em 11 mil dólares (R$ 20 mil).
A prática de caça ganhou popularidade também na China, onde um clube virtual foi criado para que os se pudesse organizar expedições. Na página, os visitantes debatem questões ligadas à atividade por meio de um fórum e organizam novas expedições de caça.
A chamada caça esportiva na África do Sul é legalizada há mais de 80 anos, mas a prática ainda gera polêmica. Cerca de 50 safáris permitem a caça legalizada no país atualmente e os defensores da atividade alegam que as caçadas são necessárias para controlar a população de animais sul-africanos.
Também neste mês de março, o filho do bilionário midiático norte-americano Donald Trump, Donald Trump Jr., se envolveu e uma polêmica ao divulgar fotos tiradas durante uma de suas caçadas no país. Em uma das imagens, o filho do bilionário posa segurando o rabo de um elefante.
“Parece estranho para muitos países, mas a África do Sul concentra uma das maiores faunas do mundo. É preciso controlar a população para evitar problemas. Não sejamos hipócritas, a caça legal não é um problema, pois são animais que hoje temos em abundância e sem perigo de extinção”, afirmou.
Apesar da legalização desse tipo de caça, organizações denunciam as expedições que visam à obtenção do marfim dos elefantes. O material é valorizado e pode ser revendido no mercado ilegal posteriormente.
A CITES (Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção), organismo vinculado à ONU, denunciou em fevereiro a morte de pelo menos 450 elefantes em Camarões. O objetivo da caçada era retirar o marfim dos animais e vende-lo ou até mesmo trocá-lo posteriormente.
“A caçada de elefantes […] reflete um novo comércio que detectamos se desenrolar entre vários países, onde caçadores bem armados podem exterminar, impunemente, elefantes com frequência”, disse o Secretário-Geral da Convenção, John E Scanlon.
Diante das ameaças das caças, sejam elas esportivas ou não, as autoridades da região tem se articulado para evitar o aumento no número de animais abatidos. Países como Camarões, Chad e República Democrática do Congo foram acionados pela CITES para fortalecerem seus esforços diante do cenário no continente. Para evitar que os animais sejam caçados e mortos, os proprietários de algumas reservas têm retirado os marfins de elefantes e rinocerontes.
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