O Comitê de Ética da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira (02/03) a abertura de uma investigação sobre o congressista George Santos, filho de imigrantes brasileiros que se elegeu para o Legislativo americano em novembro do anos passado.
Santos, de 34 anos, eleito pelo Partido Republicano, admitiu que mentiu sobre seu currículo e suas origens familiares. Além disso, suas finanças pessoais e de campanha estão sob investigação após reportagem do jornal americano The New York Times revelarem fraudes. Apesar da pressão do próprio partido e da oposição democrata apara que ele renunciasse, Santos vem se recusando a deixar o cargo.
O Comitê investigará possíveis atividades ilegais por parte do congressista em sua campanha eleitoral no ano passado; se ele mentiu ao fornecer informações exigidas pela Câmara ou violou leis federais durante seu suposto envolvimento com uma empresa de finanças e se ele teve conduta sexual inadequada contra uma pessoa que se candidatou a um emprego em seu gabinete.
Ao final das investigações, o Comitê poderá impor uma multa ou recomendar uma ação disciplinar, com uma moção de censura ou uma reprimenda. Em seu perfil no Twitter, Santos disse que está cooperando totalmente com as investigações.
Congressista é acusado de uma série de mentiras
George Santos foi eleito para seu primeiro mandato na Câmara pelo 3º distrito do estado de Nova York, que inclui o bairro do Queens e Long Island.
Cliff Owen/CNP/picture alliance
George Santos, do Partido Republicano, admitiu ter mentido em seu currículo e sobre suas origens familiares
Inicialmente, a vitória dele, um republicano assumidamente homossexual que conquistou para o seu partido um lugar na Câmara de Representantes ocupado pelos democratas há uma década, foi vista como um dos pontos positivos do seu partido em uma eleição bastante decepcionante para os republicanos.
Mas, quando começaram a surgir relatos de que Santos havia mentido sobre ter ascendência judia – e até que sua família tinha sobrevivido ao Holocausto –, o congressista se transformou em um constrangimento para o partido.
Ele admitiu ter inventado boa parte do conteúdo de seu currículo, como ao afirmar que havia estudado na Universidade de Nova York e no Baruch College, mesmo sem jamais ter frequentado essas instituições.
O congressista também mentiu ao afirmar que teria trabalhado nas empresas de finanças Goldman Sachs e Citigroup.
Situação frágil na Câmara
Santos é um fiel apoiador do ex-presidente Donald Trump e concorreu pela primeira vez ao Congresso americano em 2020, perdendo para o democrata Tom Suozzi. O brasileiro voltou a concorrer em 2022, enfrentando o democrata Robert Zimmerman, desta vez sagrando-se vitorioso.
Membros de seu próprio partido chegaram a pedir sua renúncia, apesar de os republicanos possuirem uma frágil maioria na Câmara que somente foi possível, em parte, à contribuição de Santos, que encerrou o domínio democrata em seu distrito ao derrotar Zimmerman em novembro, conquistando uma importante cadeira para os conservadores.