O Vaticano divulgou hoje (20) uma carta escrita pelo papa Bento XVI aos católicos da Irlanda em que ordena uma inspeção nas dioceses, e seminários em que foram registrados casos de pedofilia e expressa “vergonha e remorso” em razão do ocorrido, mas não convence vítimas do caso.
O documento foi escrito após as acusações, no ano passado, de casos de pedofilia dentro da igreja católica irlandesa e posteriormente revelados também em outros países como Alemanha, terra natal do papa.
Bento XVI pediu perdão as vítimas e afirmou que os envolvidos nos abusos responderão pelos crimes “perante Deus e os tribunais”.
“Vocês perderam a estima do povo irlandês e lançaram vergonha e desonra sobre vossos semelhantes. Além do imenso dano às vítimas, houve um enorme dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa”, disse.
Para ele, nada será capaz de apagar o mal que as vítimas sofreram, nem recuperar a confiança que tinham nos sacerdotes. “É compreensível que [para os menores que foram abusados] seja difícil perdoar ou se reconciliar com a Igreja. Em seu nome, expresso abertamente a vergonha e o remorso que todos nós sentimos”, acrescentou.
O Cardeal Sean Brady, que no começo da semana se viu obrigado a pedir perdão por ter escondido os abusos contra menores cometidos por um padre pedófilo nos anos 1970, agradeceu as palavras e o apoio do papa.
“Celebro a publicação desta carta. Estou profundamente agradecido ao Santo Padre por sua enorme preocupação e amabilidade”, disse após missa na Irlanda do Norte.
Reprovação
As vítimas, por outro lado, criticaram a reposta do papa e se declararam decepcionadas com o conteúdo da carta pastoral.
“Sentimos que a carta fica aquém [das expectativas] na hora de abordar as preocupações das vítimas”, disse Maeve Lewis, diretora-executiva do grupo de vítimas abusadas One in Four.
Para ela, o Vaticano se esquivou da responsabilidade dos casos de pedofolia e cometeu um grande erro ao não pedir a renúncia do primaz da Igreja Católica irlandesa, o cardeal Sean Brady.
Outra vítima dos abusos, Andrew Madden, afirmou em nota que a Carta “não aborda este assunto com total seriedade” e sequer tocou nos assuntos apresentados pelos grupos de vítimas ao papa em carta aberta no mês passado.
“Uma carta pastoral não é a maneira de dar uma resposta aos relatórios que tratavam de violações, maus-tratos e abusos sexuais contra crianças cometidos por padres e religiosos neste país e que foram ocultados pelas autoridades da Igreja”, concluiu Madden.
* Com informações da Agência Efe
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