O presidente da França, Emmanuel Macron, o da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, e outros 11 líderes e personalidades políticas internacionais teriam sido espionados pelo spyware Pegasus, revelou nesta terça-feira (20/07) uma investigação internacional de imprensa. Além deles, jornalistas de todo o mundo também teriam sido monitorados.
Pegasus é um poderoso aplicativo espião, de nível militar, criado pela empresa israelense de software de segurança NSO Group. Segundo o jornal The Guardian, o grupo seria “regulado de perto” pelas autoridades de exportação do governo de Israel.
A empresa afirma que vende o programa a governos para uso contra terroristas e criminosos, e teria salvado “dezenas de milhares” de vidas. Além do Pegasus, a NSO também cria aplicativos de “rastreamento” de coronavírus para o governo israelense.
Além de Macron (que teria sido espionado pelo Marrocos em 2019), Rampahosa (por Ruanda, em 2019) e Ghebreyesus (também pelo Marrocos, em 2019), aparecem na lista de “pessoas de interesse” da NSO:
– o presidente do Iraque, Barham Salih (pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos);
– o diplomata norte-americano Robert Malley, negociador-chefe do acordo nuclear EUA-Irã (em 2019, pelo Marrocos)
– o premiê do Paquistão, Imran Khan (pela Índia, em 2019);
– o primeiro-ministro do Egito, Mostafa Madbouly (pela Arábia Saudita);
– o rei marroquino Mohammed VI (este, pelos próprios serviços de segurança, em 2019);
– o primeiro-ministro do Marrocos, Saadeddine Othmani (pelos serviços de segurança marroquinos, em 2018 e 2019);
– o ex-premiê libanês Saad Hariri (pelos Emirados Árabes Unidos em 2018 e 2019);
– o presidente do Conselho Europeu e ex-premiê belga Charles Michel (pelo Marrocos, em 2019)
– o ex-presidente mexicano Felipe Calderón (em 2016 e 2017 por um “cliente mexicano”, enquanto a esposa do ex-mandatário, Margarita Zavala, tentava se cacifar para disputar a presidência).
Daina LE LARDIC/Comissão Europeia
Macron teria tido celulares espionados a pedido do Marrocos, mostra investigação
Segundo o jornal The Guardian, a NSO disse que Macron não era um “alvo” de nenhum de seus clientes, e o fato de os nomes aparecerem na lista não quer dizer que tenham sido necessariamente investigados.
França
De acordo com informações de Le Monde, um dos números que Macron utilizava regularmente desde pelo menos 2017 até os recentemente figura na lista do serviço de segurança do Marrocos, que faz uso do spyware Pegasus.
Os números de telefone pertencentes ao ex-primeiro ministro Edouard Philippe, assim como 14 outros membros do governo também foram visados na lista de mais de 50 mil telefones consultados pela organização Forbidden Stories e da Anistia Internacional.
Se o spyware de fato foi instalado no telefone do chefe de estado francês, a inteligência marroquina poderia ter acesso a praticamente todas as informações privadas de Macron, incluindo sua agenda, mensagens de texto, e-mails potencialmente confidenciais e chamadas telefônicas. Teoricamente, também seria capaz de ligar o microfone do telefone ou ativar sua câmera à vontade.
Solicitado a comentar sobre a notícia, o Palácio do Eliseu disse que “se esses fatos forem verdadeiros, isso é obviamente muito sério. Toda a luz será lançada sobre essas revelações”.