O Parlamento da Catalunha elegeu neste domingo (10/01) Carles Puigdemont, até então prefeito da cidade catalã de Girona, como o novo presidente da Generalitat, nome dado ao governo catalão. Puigdemont foi eleito após Artur Mas, seu antecessor, anunciar neste sábado que desistiria de tentar permanecer no cargo para evitar a realização de novas eleições. O prazo para a nomeação do novo presidente da comunidade autônoma se encerrava neste domingo.
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Carles Puigdemont, da sigla pró-independência Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), é o novo presidente do governo catalão
Em discurso no plenário do Parlamento, Puigdemont afirmou que será o presidente “da pós-autonomia e da pré-independência”. Assim como Mas, Puigdemont faz parte da coalizão separatista Junts pel Sí (Juntos pelo Sim), que, junto com a CUP (Candidatura Unidade Popular), reúne a maioria dos assentos do Parlamento desde a última eleição, em setembro.
“Não é uma época para covardes, nem para temerosos”, declarou Puigdemont em seu discurso. O novo presidente da Generalitat reafirmou o compromisso com o plano de independência da Catalunha lançado nos últimos meses, que busca a separação da comunidade do resto da Espanha em 18 meses.
Puigdemont disse que negociará a separação da Catalunha com o Estado espanhol e lideranças europeias e que contará com a ajuda de Mas e outros correligionários para isso. Ele foi eleito neste domingo por 70 votos a favor, 63 contrários e duas abstenções.
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O impasse entre as duas forças parlamentares sobre quem assumiria a presidência da Generalitat levou a um cenário em que novas eleições eram projetadas para março. Em assembleias internas, a CUP havia rejeitado apoiar Artur Mas, que governava a Catalunha desde 2010. A rejeição ao nome de Mas se deu, entre outros motivos, por ele ter estado vinculado a casos de corrupção durante seu mandato. O acordo previa a nomeação de Puigdemont em troca de apoio parlamentar da CUP.
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Ao anunciar ontem que iria desistir de sua candidatura por um acordo partidário, Mas (à esquerda) abriu espaço para Puigdemont (à direita)
Madri
O governo do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, se opõe fortemente ao projeto independentista do atual governo catalão. De acordo com uma mudança legislativa aprovada em setembro, o Tribunal Constitucional do país, órgão equivalente ao STF (Supremo Tribunal Federal) no Brasil, poderá “encomendar ao Governo da Nação [Madri]” a suspensão e substituição de autoridades públicas que descumprirem as resoluções do Tribunal.
Em dezembro, o Tribunal Constitucional aprovou por unanimidade a anulação do documento independentista feito pela Generalitat. Com isso, Madri pode impedir novamente que leis e iniciativas separatistas da Catalunha sigam em frente.
Durante os debates de investiduras no Parlamento catalão, Rajoy declarou, na sede do governo espanhol, que “o Estado e a democracia sempre funcionam” e que seu governo não permitirá que alguém tenha “poderes ilimitados”.
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Em pronunciamento, Mariano Rajoy disse que irá seguir a Constituição diante do projeto independentista da Catalunha