A cúpula entre a União Europeia (UE) e países da América Latina e do Caribe (CELAC), que termina nesta terça-feira (18/07) em Bruxelas, é tema da imprensa francesa. “Uma tentativa de retomar as relações”, destaca o Le Monde, especialmente no plano comercial.
O diário analisa a importância de uma reunião entre a UE e a CELAC, a primeira desde 2015 e destaca o trabalho da Espanha, atualmente na presidência rotativa da UE, para convencer tantos chefes de Estado e de governo, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a participar do encontro na Bélgica.
“Reforçar a nossa parceria com essa região é um imperativo estratégico”, definiu Josep Borrell, o chefe da diplomacia europeia, citado pelo jornal. O texto explica que a Europa busca ampliar os seus laços comerciais e econômicos com a América Latina e o Caribe para diversificar o seu aprovisionamento, diminuindo a dependência da China.
Le Monde também destaca a dificuldade na elaboração de um documento final do encontro, tendo em vista que cada país busca apresentar sua visão. A guerra na Ucrânia é um dos temas controversos. Os europeus tentam “incluir no texto final uma condenação do conflito iniciado pela Rússia”, enquanto os países sul-americanos se dividem quanto ao assunto. A maioria votou a favor de uma resolução nas Nações Unidas (ONU) condenando a invasão russa da Ucrânia, mas não “querem ir mais longe”, cita o diário. Há países, como Nicarágua, Cuba e Venezuela que apoiam abertamente a Rússia e o governo de Vladimir Putin.
Ricardo Stuckert
Presidente Lula durante abertura da 3ª cúpula da Celac-UE, em Bruxelas, ao lado de Pedro Sánchez, Charles Michel e Ursula von der Leyen
Comércio em alta
Em meio a controvérsias, os líderes reunidos em Bruxelas se voltam para questões econômicas, no momento em que as trocas comerciais entre os dois blocos aumentou 40% nos últimos cinco anos. A Europa está pronta a investir dezenas de bilhões de euros em projetos de desenvolvimento e infraestrutura nos países latino-americanos e no Caribe, especialmente em projetos voltados para o digital e a transição energética.
Já os acordos com o México e o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai) “estão em ponto morto”, finaliza o Le Monde, exigindo ainda negociações complexas. Para o analista Gaspar Estrada, do Observatório político da América Latina e Caribe na Science Po, citado na reportagem, “certos dirigentes latino-americanos, como Lula, defendem esse acordo com o objetivo de evitar ficarem entre os Estados Unidos e a China”.
Desde a sua eleição, em 2017, o presidente francês, Emmanuel Macron, nunca esteve na América Latina. Porém, o Palácio do Eliseu assegura que o centrista está pronto para visitar a região e que se trata apenas de uma questão de agenda. A França participou de encontros bilaterais com o México, Brasil, Colômbia e Argentina.