Sábado, 17 de maio de 2025
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O assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais e ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim afirmou que o governo brasileiro está “interessado em estudar” sua adesão à iniciativa de investimentos internacionais na infraestrutura chinesa, o “Belt and Road” (Cinturão e Rota), ou Nova Rota da Seda. 

Em entrevista ao jornal chinês Global Times, Amorim disse que, para além de estudar uma possível adesão, a gestão de Lula quer compreender quais os projetos irão se desenvolver na iniciativa de investimentos.

“Estamos interessados em ver como podemos fazer a adesão, mas para nós é muito importante entender quais são os projetos concretos que virão. Estamos abertos a estudar e ver como podemos fazer algo realmente importante”, afirmou ele ao jornal do Partido Comunista da China, publicado em inglês, na última sexta-feira (14/04).

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Ao abordar a relação entre o país asiático e o Brasil, Amorim destacou que “a China é de longe o nosso parceiro comercial mais importante”, e continuou: “o Brasil está se tornando um dos lugares onde a China mais investe. Mas não só isso, acho que os dois países também podem ter um papel importante na construção de um mundo mais multipolar, no qual o poder é menos centralizado e não há hegemonia”. 

O assessor esteve presente na comitiva brasileiro que viajou à China na última semana. Em Pequim, capital chinesa, Lula se encontrou com Xi Jinping e 15 acordos foram assinados entre as nações. Entre os termos assinados envolvem a cooperação para o desenvolvimento de tecnologias, intercâmbio de conteúdos de comunicação e ampliação das relações comerciais.

Vale destacar que Brasil e China também firmaram acordos no setor espacial, incluindo um plano de cooperação entre as nações, bem como o lançamento do sétimo satélite, fruto da parceria, até 2032. 

Ao jornal chinês Global Times, assessor especial de Lula para assuntos internacionais disse que governo brasileiro quer entender quais projetos concretos que virão pela iniciativa

Zhang Yashu/GT

Amorim destacou a possibilidade de transições comerciais nas moedas dos países, sem o dólar

Brasil e China ainda firmaram um memorando de entendimento relacionado à cooperação para o desenvolvimento social e rural, bem como ao combate à fome e à pobreza.

A China é, hoje, o maior comprador de produtos brasileiros. Em 2022, o país asiático comprou quase US$ 90 bilhões do Brasil.

Sobre a possibilidade de realização do comércio entre as nações ser feito deixando o dólar de lado, Amorim disse ser “natural” que a aliança possa realizar investimentos nas suas respectivas moedas. Segundo ele, para isso ocorrer, “requer algumas adaptações em relação às regras do FMI. É natural porque o dólar passou a ser dominante depois da Segunda Guerra Mundial; antes era a libra inglesa”.

“Se pudermos trabalhar com uma variedade de moedas e usar nossas próprias moedas em grande escala, isso é a melhor coisa. Se isso pode evoluir para uma moeda comum para o Brics, ou se manteremos nossa moeda nacional é algo que ainda não está totalmente claro. Mas acho muito importante estarmos livres do domínio de uma moeda única porque, às vezes, ela é usada de forma política”, continuou.

O assessor especial comentou, também, sobre uma possível cooperação com a Huawei. Uma das agendas de Lula no país asiático foi visitar o centro de desenvolvimento da empresa de tecnologia chinesa em Xangai. Para Amorim, essa possibilidade “será estudada de maneira técnica e econômica. Foi isso que decidimos. Não há [consideração] ideológica ou mesmo geopolítica”. 

“Na verdade, se pudermos diversificar nossas fontes de tecnologia, seria o melhor para nós. Portanto, estamos muito abertos. Já temos cooperação. A Huawei já está presente no Brasil e já é muito importante”,  declarou o ex-ministro das Relações Exteriores.