ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, revelou hoje que negou pessoalmente ao deposto presidente de Honduras, Manuel Zelaya, um avião que pretendia usar para retornar ao seu país.
“Vou contar aqui algo que não foi tornado público. Foi pedido um avião brasileiro para que o presidente Zelaya retornasse e nós negamos”, disse Amorim, em um comparecimento perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado, para explicar o papel do Brasil na crise em Honduras.
Fernando Bizerra Jr/EFE
O chanceler disse que Zelaya lhe pediu, por telefone e pessoalmente, o avião, porque o Brasil tinha cedido um ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
O chefe da OEA usou o avião brasileiro para viajar a Tegucigalpa depois do golpe militar que, em 28 de junho, tirou do poder o líder hondurenho, com a intenção de mediar no conflito.
Durante o comparecimento, o chefe da diplomacia brasileira também defendeu sua decisão de permitir o acesso do presidente hondurenho à Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Nesse sentido, qualificou a situação de Zelaya na embaixada como “única e singular no âmbito da diplomacia internacional”, e esclareceu que não se trata de um asilo político, mas de “um presidente legítimo que foi deposto e que voltou a seu país para retornar ao poder”.
“Um presidente legítimo, assim reconhecido pela comunidade internacional, que quase literalmente tocou à nossa porta. Então, consideramos correto dar-lhe abrigo”, acrescentou.
O ministro especulou o que teria acontecido a Zelaya se não pudesse entrar na embaixada, onde está desde semana passada: “talvez teria sido preso, talvez morto ou até poderia estar em uma serra planejando uma guerra civil”.
Viagem de deputados
Um grupo formado por seis deputados brasileiros anunciou hoje que viajarão nesta quarta-feira a Honduras, com a intenção de conhecer de perto a situação no país.
A viagem foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e também tem o objetivo de dialogar com representantes da comunidade brasileira em Honduras e saber se eles receberam alguma pressão ou ameaças, pela decisão do governo de Lula de acolher Zelaya na sede diplomática.
O grupo liderado pelo deputado Raúl Jungmann (PPS-PE) viajará em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para El Salvador, de onde seguirá para Tegucigalpa em um voo comercial, que chegará à capital de Honduras à noite.
Jungmann explicou que todas as suas atividades em Honduras foram estipuladas para a quinta-feira e que no dia seguinte o grupo voltará ao Brasil.
Evento em solidariedade
Organizações e movimentos sociais de vários países, inclusive do Brasil, contrários ao golpe de Estado e à repressão do governo golpista, irão realizar, no dia 2 de outubro, a Jornada Internacional em Solidariedade ao Povo de Honduras.
As manifestações acontecerão de forma simultânea em frente a representações da ONU (Organização das Nações Unidas) e embaixadas e consulados norte-americanos. O objetivo é realizar marchas, conferências de imprensa, celebrações ecumênicas para atrair a atenção sobre a situação do país caribenho.
Entre as instituições brasileiras que participam da jornada estão o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.
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