Para marcar os cem dias da destituição do presidente Mohammed Mursi, milhares de pessoas fizeram protestos nesta sexta-feira (11/10) no Cairo e em outras cidades do Egito. Foram registradas mortes na cidade de Faqus e na capital, onde um manifestante de 18 anos foi atingido no peito por um tiro disparado por um policial, segundo a Irmandade Muçulmana.
Os manifestantes cantaram palavras de ordem a favor de Mursi e contra o chefe do Exército e atual “homem forte” do Egito, Abdelfatah al Sisi, ao mesmo tempo em que levaram cartazes com o símbolo da praça de Rabea al Adauiya, onde foi desmantelado o principal acampamento dos islamitas. Em Alexandria, partidários e opositores de Mursi lançaram pedra e usaram pistolas de balas de chumbo, enquanto a polícia interveio lançando gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas.
Agência Efe (04/10/2013)
Protestos pró-Mursi deixaram dois mortos nesta sexta-feira no Egito
Cairo
No Cairo, as forças de segurança, apoiadas por tanques e blindados, se desdobraram em torno das sedes governamentais e nas praças tidas como possíveis destinos das manifestações, segundo pôde constatar a Agência Efe.
As praças Rabea al Adauiya, Al-Nahda e Tahrir permaneceram fortemente vigiadas e rodeadas de barreiras protegidas por um forte dispositivo de segurança.
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Os apoiadores de Mursi marcaram o protesto para a praça Tahrir, epicentro daos protestos contra o presidente egípcio Hosni Mubarak em janeiro de 2011, e contra Mursi em junho passado, mas acabou mudando os planos. O Ministério do Interior afirmou que enfrentará “qualquer tentativa de sair da legalidade” e impedirá novos acampamentos.
Após a reza muçulmana do meio-dia, os partidários de Mursi saíram em marchas pelos bairros cairotas de Giza, Mohandisin e Cidade Nasser, entre outros. O chefe do Exército era o principal alvo das críticas de alguns protestos que os manifestantes fizeram em Mohandisin.
No domingo (06/10), outro ato já havia terminado com 57 mortos e 390 feridos.
Acordo
Na quarta-feira (09/10), os Estados Unidos anunciaram que iriam suspender parte do acordo militar com o Egito, que envolve o envio total de US$ 1,3 bilhão (R$ 2,9 bilhão) por ano ao país. De acordo com a agência Reuters, US$ 560 milhões desse montante não vão ser entregues, por conta dos casos de violência contra opositores egípcios.
Segundo um comunicado do Departamento de Estado norte-americano, novas remessas de material militar pesado e dinheiro dependerão de “progressos em direção a um governo civil democrático e inclusivo por meio de eleições livres e justas”.
A determinação de rever o envio de suporte militar foi feita por Washington em agosto, após partidários do presidente deposto Mohammed Mursi terem sido mortos durante uma onda de repressão promovida pelo atual governo egípcio. Na época, Obama disse que não poderia continuar “da mesma forma” a “tradicional cooperação enquanto pessoas estão sendo mortas”.
O presidente afirmou, também, que Washington não iria cumprir acordos de exercícios militares conjuntos com o Cairo – previstos desde 2012 – enquanto o país não restabelecesse a ordem. Porém, a transferência do dinheiro para fins militares não havia ainda sido suspensa. O Egito tem sido um dos maiores receptores dos EUA, recebendo desde aviões F-16 até bombas de gás lacrimogêneo.