Durante uma teleconferência organizada pela Umet (Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho) em Buenos Aires, o dirigente do PT gaúcho Tarso Genro pediu que o Parlasul (Parlamento Sul-Americano) realize sessões no Brasil “ou pelo menos mande parlamentares para São Paulo ou Brasília”, como forma de ajudar a denunciar internacionalmente o golpe em curso contra a presidente Dilma Rousseff.
De acordo com o relato publicado pelo jornalista Martín Granovsky no jornal Página/12 neste domingo (24/04), ao ser questionado sobre o que o Parlasul poderia fazer pelo Brasil, Genro explicou que as manifestações no exterior são de extrema importância para o país.
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Em uma espécie de autocrítica, Genro criticou a falta de ação do PT contra a concentração midiática
Isso porque, segundo o ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-prefeito de Porto Alegre, “no Brasil, a direita mais próxima do centro, a que quer guardar um vínculo com a democracia, é sensível ao impacto mundial do que ocorre no país”. E acrescentou: “Observem que no Brasil [o ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso é o líder de uma força neoliberal, o PSDB, Partido da Socialdemocracia Brasileira, mas adora aparecer como um socialdemocrata quando viaja”.
Ele apontou também que um forte posicionamento internacional fará com que seja mais difícil uma possível criminalização do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque há, no judiciário brasileiro, certo temor de violação da Constituição. “Quando levaram Lula à força para prestar depoimento, muitos dos que não estão de acordo conosco se preocuparam pela falta de limites”, ressaltou o ex-ministro da Justiça, Educação e das Relações Institucionais durante o governo Lula.
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Tarso Genro não poupou críticas à política econômica do governo Dilma, mas ponderou que “falta um crime provável atribuído a ela. Apesar de ela não fazer o governo que gostaríamos que fizesse, a presidente é honesta e muito séria”. Por isso, ressalta, o processo de impeachment é “um golpe”.
Em um possível governo Temer, Genro avalia que haveria uma profusão de protestos por eleições gerais, uma política econômica de fortes ajustes neoliberais, alinhada aos interesses dos setores ricos da sociedade, e corte nos direitos trabalhistas e sociais.