Por volta de 100 policiais e funcionários da sede da polícia judiciária (PJ) de Paris passarão por testes de DNA, anunciaram nesta quinta-feira (10/09) os juízes responsáveis pelo processo em que uma turista canadense alega ter sido estuprada no prédio da polícia em 2014. Uma fonte policial especificou que todos os presentes na sede em 22 de abril do ano passado, data em que o estupro aconteceu, serão submetidos ao teste.
Segundo a queixa prestada em 2014, o estupro foi realizado por um grupo de policiais. Dois deles, que fazem parte de uma divisão de elite da polícia, foram acusados. Ambos negaram a acusação, e um deles disse que houve relação sexual com consenso. Além disso, os dois são acusados de manipular a cena do crime, o que é ilegal.
A perícia encontrou, na roupa íntima da vítima, três materiais genéticos diferentes e dois deles correspondem aos policiais já acusados. Os juízes buscam verificar se o DNA do terceiro homem equivale ao de algum funcionário da 36, Quai des Orfèvres, nome pelo qual o famoso prédio é conhecido.
Wikicommons
Turista cadanense diz ter sido vítima de um estupro coletivo na sede da polícia judiciária de Paris, em abril de 2014
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A vítima relatou que encontrou os dois policiais, que estavam à paisana, num pub irlandês próximo ao local e que eles a levaram para conhecer o prédio, famoso por já ter ambientado filmes e romances. Ela prestou queixa na mesma noite.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, afirmou que os dois suspeitos, caso tenham a culpa comprovada, irão “enfrentar todas as consequências”.
O secretário-geral do sindicato policial Synergie declarou que os exames se tratam de uma “operação escandalosa e inútil”. Segundo ele, a decisão judicial “lança a desonra sobre um serviço prestigioso e estigmatiza os policiais do ‘36’”.
Nos últimos anos, a sede da PJ esteve envolvida em uma série de escândalos. Em 2014, um sargento da divisão antidrogas começou a ser investigado pela acusação de roubar 52 kg de cocaína, que havia sido apreendida em uma operação. Em fevereiro deste ano, o chefe da PJ parisiense foi exonerado, suspeito de ter quebrado o sigilo de uma investigação de tráfico de influência nas Forças Armadas.