O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta-feira (07/12) que a nova estratégia da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) visa colocar a Índia contra a China, ampliando os pontos de discórdia entre as duas potências asiáticas.
“A cúpula de Madrid, em junho deste ano, anunciou novas abordagens conceptuais. A responsabilidade da Otan estende-se agora para a região do Indo-Pacífico se tomarmos a terminologia inventada pelo Ocidente, e tenta fazer a Índia se voltar contra a China. Isso não é escondido” declarou Lavrov durante seu discurso em um evento diplomático realizado na Rússia.
Segundo o portal de notícias russo RT, outro objetivo da aliança milititar apontado por Lavrov seria o enfraquecimento dos laços entre Pequim e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
“Está sendo criada uma espécie de parceria de conscientização sobre segurança marítima, um estratagema óbvio para afastar a ASEAN e desencorajar o diálogo ASEAN-China sobre questões do Mar do Sul da China, para que sejam resolvidos por conta própria, sem a China”, analisou o diplomata russo.
Sebastian Zwez
Lavrov afirmou que há ‘evidências’ de que a aliança atlântica está ‘mentindo’ sobre a Rússia
Lavrov voltou a dizer que o grande tema geopolítico do momento é a expansão da Otan, afirmando que esta é a “principal pauta”, não só das relações do Ocidente com a Rússia. “A expansão é o principal motor do Ocidente nas relações em geral, com todos os países, com todas as regiões do mundo”, insistiu.
Nesse sentido, o ministro russo das Relações Exteriores atacou altos funcionários da Otan que – “descaradamente”, segundo ele – se recusaram a admitir que Moscou recebeu garantias de que a aliança atlântica não se expandiria para o leste. “Há muitas evidências de que eles estão mentindo”, enfatizou.
Para terminar, ele afirmou que a globalização “ao estilo norte-americano” chegou ao fim, e que “um novo sistema está sendo moldado em diferentes níveis, e não deve ser influenciado pelos caprichos e senso de superioridade de nossos antigos parceiros ocidentais”.