O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mandou hoje (28) retirar seu embaixador na Colômbia, Gustavo Márquez, e outros funcionários diplomatas, após chamar de “irresponsável” o líder colombiano, Álvaro Uribe, por acusações de desvio de armas, e também mandou expropriar empresas colombianas.
“Uribe ligou outra vez o ventilador” de acusações “irresponsáveis contra nossa pátria”, afirmou. “Já basta, acabou, não vamos tolerar mais isto” e, a partir de agora, “congelamos as relações”, ressaltou o governante.
O presidente venezuelano também deu ordens para seu gabinete levantar um relatório com as estatísticas comerciais entre os países e anunciou que a partir de agora coloca em “revisão” todo o comércio bilateral.
“Que fique (em Bogotá) o funcionário do mais baixo nível (…); vamos congelar as relações e advirto: a próxima vez que houver uma agressão” deste tipo, “romperemos as relações”, afirmou Chávez em um conselho de ministros transmitido parcialmente pela emissora VTV da rede estadual de televisão.
Um pouco mais cedo o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Nicolas Maduro, atribuiu à Colômbia a intenção de “aumentar o tom” e propiciar uma campanha de desestabilização na região.
A atitude de Chávez é conseqüência da acusação levantada no domingo (26) pelo governo colombiano. Uribe disse que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) compraram lança-foguetes de longo alcance, e culpou por isso os países vendedores de armas, no caso, a Venezuela.
Ontem (27), o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, afirmou que várias armas que a Suécia “vendeu à Venezuela apareceram nas mãos” das Farc.
“Isso não é algo novo, e acho que requer muito mais cuidado e uma vigilância extrema”, disse Santos à Caracol Radio.
Em resposta às acusações, o ministro do Interior venezuelano, Tarek el-Aissami, disse ontem que a apreensão com as Farc de armas suecas supostamente vendidas ao Exército da Venezuela faz parte de um “novo show midiático”.
“Não nos estranharia que novamente a fonte fosse o supercomputador de 'Raúl Reyes' (chefe guerrilheiro morto em um ataque do Exército colombiano no ano passado, em território equatoriano), no qual apareça um arquivo com uma configuração estranha”, disse o ministro.
“Associo com esses temas de ficção, de Super-homem, de 'super-marihuana' e supercomputador (…). Parece um filme barato do governo norte-americano e, infelizmente, dos 'pitiyanquis' da região”, ironizou Aissami.
Suécia
E hoje o governo da Suécia confirmou à imprensa colombiana que várias armas produzidas nesse país e apreendidas recentemente com as Farc foram vendidas à Venezuela no final dos anos 1980.
“Conseguimos confirmar isso através dos números de série, em cooperação com o governo da Colômbia”, disse à emissora La W o ministro do Comércio sueco, Jens Ericsson. O ministro acrescentou que as armas correspondem a um lote “vendido há 20 anos”.
História
O Exército colombiano apreendeu recentemente uma série de lança-foguetes produzidos na Suécia em um dos acampamentos da guerrilha, publicou a revista britânica especializada em defesa Jane's.
A revista colombiana Semana também revela, em seu mais recente número, que, em duas operações, em julho e outubro de 2008, o Exército encontrou vários lança-foguetes de origem sueca em acampamentos das Farc.
No início deste mês, o jornal colombiano El Tiempo publicou um artigo, citando altas fontes do Executivo, no qual destacava que o governo está analisando “informação confiável”, que indica que as Farc concretizaram um negócio para adquirir mísseis russos através de contatos localizados na Venezuela.
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