Agência Efe
Diosdado Cabello e Nicolás Maduro fazem uma declaração conjunta após a sessão da Assembleia Nacional
Ao ser reeleito como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello reforçou neste sábado (05/01) a intenção do governo do país de manter Hugo Chávez no comando mesmo se ele não puder comparecer na cerimônia de posse de seu novo mandato, marcada para o dia 10 de janeiro.
A proposta, que surgiu com força na última sexta-feira (04/01), em uma entrevista do vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao ministro da Comunicação, Ernesto Villegas, prevê que Chávez possa fazer o juramento perante o Supremo Tribunal de Justiça, em uma data a ser estipulada pelo próprio órgão.
“Não é o dia 10 de janeiro que estabelece se o presidente está em falta absoluta ou falta temporária; não tem nada a ver. Hugo Chávez Frias foi eleito para ser presidente da República e seguirá sendo depois do dia 10 de janeiro, que não reste dúvida a ninguém”, afirmou Cabello na sessão da Assembleia Nacional.
O chavista também deu declarações endereçadas à oposição do país, que fez críticas a essa interpretação da Constituição. “A oposição pode tentar o que quiser, mas 10 de janeiro nunca se transformará em um espaço para que a vontade popular do povo na rua de 7 de outubro seja vulnerada”, argumentou.
NULL
NULL
Maduro, que esteve na Assembleia Nacional neste sábado, por sua vez, reiterou que o governo continuará divulgando informes sobre o estado de saúde de Chávez, “Nos próximos dias, continuaremos informando sobre as condições, de como evolui o problema respiratório que tem nosso comandante. Vocês sabem que são tratamentos que exigem tranquilidade, e nós estamos tranquilos e pedimos ao povo que tenha confiança, segurança e serenidade.”
Os deputados opositores, no entanto, demonstraram não estar de acordo com a proposta de Cabello e Maduro. Em entrevista coletiva, Julio Borges, da Mesa da Unidade Democrática (MUD), afirmou que a alternativa proposta pelo chavismo pretende apenas evitar que Cabello assuma o poder.
“O que a Constituição diz é que, não estando o presidente, quem deve substituí-lo é a outra pessoa escolhida por votos, que é o presidente da Assembleia. Estão interpretando da maneira mais retórica que podem a Constituição com um só propósito, que nunca Diosdado Cabello, como presidente da AN possa ser presidente encarregado da Venezuela”, declarou Borges ao lado de outros opositores.
Até a última sexta-feira, a possibilidade mais comentada na Venezuela era a de que Cabello deveria assumir o poder no dia 10 de janeiro e convocar novas eleições, caso Chávez não possa voltar de Havana, onde se recupera da quarta cirurgia contra um câncer.
Para o presidente do instituto de pesquisas venezuelano Datanálisis, Luis Vicente Leon, o objetivo do chavismo é manter Maduro no comando até as eleições para que ele possa ter mais chances de ser eleito.