* Atualizada às 14h26
O prefeito da Cidade do México, Miguel Ángel Mancera, anunciou sexta-feira (05/12) a renúncia do secretário de Segurança Pública local, Jesús Rodríguez Almeida, em meio a fortes críticas pela atuação da polícia mexicana.
A indignação diante da falta de respostas do governo para o desaparecimento em setembro dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa, em Iguala, no estado de Guerrero, impulsionou a realização de uma das maiores mobilizações da história recente do país.
EFE
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Este não é o primeiro caso de renúncia envolvendo a atual crise de violência no país: em 24 de outubro, o governador de Guerrero também apresentou demissão do cargo. Após o aumento dos protestos que pediam repostas e cobravam sua renúncia, Ángel Aguirre anunciou à época que iria deixar o posto para “favorecer um clima político que permita resolver a situação de emergência”.
Nas últimas semanas, a revolta atingiu mais de 230 cidades mexicanas e uma onda de manifestações em mais de 30 países, como Brasil, Argentina, Colômbia, Estados Unidos, Espanha, França e Japão.
Além disso, a jornada de protestos se dá em meio à deteriorização da imagem do presidente Enrique Peña Nieto, que iniciou ontem o terceiro ano de sua gestão com a mais baixa popularidade desde que chegou ao poder. De acordo com as pesquisas de opinião divulgadas pelos jornais Reforma e El Universal, quatro em cada dez mexicanos aprovam seu governo.
EFE
Pesquisa revelou que 50% dos entrevistados reprovam governo e 54% acham que Peña Nieto vive seu pior momento
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Os manifestantes consideram que Peña Nieto não tomou as medidas necessárias para resolver o caso e não forneceu respostas satisfatórias sobre o paradeiro dos jovens. Há duas semanas, o mandatário anunciou uma reforma que prevê o fim das polícias locais como medida para combater o crime organizado e a violência no país.
Familiares dos jovens denunciaram que as valas comuns e o desaparecimento forçado de pessoas são uma realidade em todo território mexicano. Em comunicado, a Anistia Internacional fez coro às denúncias e ressaltou que a situação revela que o México vive uma “crise humanitária”.
ONU condena Estado mexicano
Há dois dias, o representante do Alto Comissariado da ONU (Organização das Nações Unidas) para o México, Javier Hernández Valencia, assinalou que o Estado mexicano é o principal responsável pelo desaparecimento dos estudantes de Ayotzinapa.
“Não há outra forma de se explicar. Quando as autoridades cometem esse tipo de arbitrariedade, que são crimes, estamos de frente a um desaparecimento forçado. Não tem outro nome”, afirmou o representante das Nações Unidas.
Lei antimarchas no Senado
Também na quinta (04/12), o Senado mexicano deu entrada em um projeto de lei que pretende reformar a Constituição local, abrindo o caminho para uma lei que pretende regulamentar marchas e outras mobilizações.
A proposta, chamada de “lei antimarchas”, foi duramente criticada por setores da política mexicana. O presidente do Senado, Miguel Barbosa, espera que as legendas analisem com cuidado o dispositivo, que se apresenta “justo quando as ruas estão cheias de cidadãos que protestam sem lideranças políticas, porque não há um só partido que esteja à frente”.
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