O Conselho Nacional de Professores do Chile iniciou nesta quinta-feira (03/08) uma greve a nível nacional para exigir que o governo do presidente Gabriel Boric cumpra a principal promessa que fez à categoria durante a sua campanha eleitoral de 2021: pagar a chamada ‘dívida histórica’ do Estado com o magistério.
A “dívida histórica” corresponde às perdas salariais sofridas por milhares de professores da rede pública educacional chilena durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), quando a administração das escolas foi transferida do Estado nacional para as prefeituras, o que resultou, também, na imposição de uma redução dos salários.
Os valores totais da dívida histórica são alvo de controvérsia no país. O Conselho Nacional de Professores assegura que a dívida seria de ao menos 14,3 trilhões de pesos chilenos (cerca de R$ 81,4 bilhões). Porém, um estudo feito pelo Congresso Nacional chileno em 2016 indicou que o valor exato é de 9,3 trilhões de pesos (R$ 52,9 bilhões), e que cada professor receberia cerca de 71 milhões de pesos (R$ 403 mil).
Em sua promessa eleitoral, Boric se comprometeu em realizar o pagamento com base nos valores apontados pelo estudo do Congresso. No entanto, a associação de docentes alega que nenhum avanço foi feito após 17 meses de mandato.
Segundo o presidente do Conselho Nacional de Professores, Carlos Díaz Marchant, “este governo se atreveu a fazer uma promessa que os anteriores não fizeram, mas precisa também mostrar que arca com seus compromissos, ou será igual aos demais”.
Piensa Prensa
Professores chilenos realizaram marchas para cobrar do governo o pagamento da dívida histórica do Estado com a categoria
A entidade docente também solicita ao governo a reparação aos professores que faleceram sem receber sua parte da dívida, com um pagamento destinado aos seus herdeiros (filhos ou cônjuges).
A crítica dos professores não se dirige apenas ao presidente Boric, mas também ao ministro da Educação, Marco Antonio Ávila, pelo fato de que ele é professor – antes de assumir o ministério, ele chegou a ser membro do Conselho, e participou de marchas para reivindicar o pagamento da dívida histórica.
Por sua parte, Ávila fez uma declaração nesta mesma quinta, afirmando que “os líderes dos professores já conversaram esta semana com as lideranças do Congresso, e o presidente também irá recebê-los nos próximos dias”.
“A reparação da dívida histórica é um compromisso do programa de governo do presidente Boric, que será cumprida, mas precisaremos estabelecer um cronograma, para que ela seja paga em sua totalidade durante os próximos anos, com o início o mais rápido possível e começando pelos casos mais urgentes”, explicou o ministro.
Com informações de Rádio Cooperativa e El Mostrador.