China ameaça FMI de assumir dívida argentina caso novo acordo não seja feito, afirma portal
'Euro Es Euro' aponta que Pequim pretende absorver empréstimo, caso Argentina possa pagar FMI com recursos de trocas cambiais
O representante da China perante o Fundo Monetário Internacional (FMI), Zhengxim Zhang, informou o órgão financeiro que caso um novo acordo não seja feito com a Argentina, Pequim pode assumir a dívida contraída por Buenos Aires durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019). A informação é do portal Euro Es Euro.
A matéria interpreta a declaração do funcionário chinês como uma “provocação”, uma vez que “afasta o FMI do papel de credor”, permitindo que a China assuma a dívida com recursos de trocas cambiais feitas entre os dois países.
Para o portal, Zhang “jogou forte a favor da Argentina” ao enviar uma nota interna ao conselho do FMI anunciando que caso o Fundo “continue atrasando a aprovação do acordo, a China autorizará Buenos Aires a usar a segunda parte de sua troca cambial para pagamento da dívida”.
O representante faz referência ao acordo aberto durante a viagem de uma equipe econômica do governo argentino nesta terça-feira (11/07) a Washington, nos Estados Unidos.
A delegação sul-americana foi em busca de fechar uma negociação com o FMI que contemple as dificuldades da Argentina em cumprir os prazos estipulados pela organização.
Segundo o jornal russo RT en español, o governo do presidente Alberto Fernández pretende reformular o cronograma de vencimentos da dívida.
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China pode autorizar uso de trocas cambiais para Argentina pagar dívida com FMI
Trocas cambiais entre Argentina e China
De acordo com o Euro Es Euro, Argentina e China fizeram procedimentos de “swap cambial”, ou seja, trocas entre moedas (pesos argentinos e yuan, respectivamente) para que o mercado de câmbio não apresente movimentos disfuncionais, como a desvalorização de alguma moeda.
A última troca foi renovada pelo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa e o presidente do Banco Central (BC) do país, Miguel Ángel Pesce, em sua última viagem a Pequim, no início de junho.
Os dois países possuem um swap cambial de 130 bilhões de yuans, o equivalente a US$ 19 bilhões, valor que representa 60% das reservas brutas do BC da Argentina.
Entre as possibilidades financeiras que o governo argentino pode realizar com parte desta reserva (cerca de US$ 5 bilhões) estão o financiamento de importações da China e o pagamento da dívida com o FMI.
Desta forma, a Argentina quitou parte da conta em 30 de junho com esta reserva em yuan.
O portal destaca ainda que esse valor pode ser renovado para mais US$ 5 bilhões, totalizando US$ 10 bilhões para importações ou o pagamento do FMI.
Assim, caso o órgão de empréstimos internacional não aprove um novo calendário para o pagamento da dívida argentina, a China pode autorizar o uso dos demais US$ 9 bilhões resultantes de suas trocas para a solução da cobrança.
