A China ordenou que todos os componentes estrangeiros sejam removidos dos computadores de órgãos do governo e instituições públicas. A medida deve ter impacto negativo em empresas como HP, Dell e Microsoft.
Apesar de a maioria dos computadores do governo chinês ser da marca nacional Lenovo, componentes como hardwares, chips e sistemas operacionais são, muitas vezes, norte-americanos.
Analistas ouvidos pelo Financial Times estimam que as gigantes norte-americanas lucrem cerca de US$ 150 bilhões (cerca de RS$ 621 bilhões) anuais com o mercado chinês, incluindo clientes públicos e privados.
A medida é uma resposta à recente decisão das norte-americanas Google, Intel e Qualcomm de encerrar projetos de cooperação com a chinesa Huawei, que teria tomado a dianteira no desenvolvimento da tecnologia 5G.
“[A medida] é só a ponta do iceberg. O objetivo é claro: criar um espaço livre das ameaças que sofrem empresas como a Huawei, ZTE, Megvii e Sugon”, disse o consultor da Eurasia Group, Paul Triolo.
Kremlin
China vai tirar tecnologia norte-americana de computadores do governo
Ao tentar limitar o acesso da China a know-how ocidental, a administração Trump deixou bem claro que a batalha é sobre qual das duas superpotências estará na vanguarda tecnológica nas próximas décadas, reportou The Guardian.
O analista Hu Xijin, editor do jornal chinês Global Times, disse que a Huawei se preparava “há anos” para ser alvo desse tipo de restrições, e por isso deve sobreviver às medidas impostas pelas gigantes norte-americanas.
Xijin acredita que o tiro possa sair pela culatra, uma vez que a Huawei fica mais motivada a desenvolver sua própria indústria de microchips para competir com a norte-americana.
“O corte ao fornecimento de tecnologia à Huawei será um marco na pesquisa e desenvolvimento de chips domésticos na China”, disse o editor nas redes sociais. “O povo chinês não terá mais nenhuma ilusão em relação ao uso de tecnologia norte-americana”.
Essa é a primeira medida tomada por Pequim que impõe metas específicas de restrição ao uso de tecnologia estrangeira. O cronograma proposto pelo governo prevê o cumprimento da diretiva em até três anos.