A China suspendeu nesta quinta-feira (23/03) o embargo que havia sido imposto à carne brasileira em 23 de fevereiro devido a um caso considerado atípico de vaca louca, de acordo com declarações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, à TV Globo.
A decisão, válida para animais abatidos a partir desta sexta-feira, ocorre três dias antes do embarque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático, onde ele deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, para debater principalmente questões comerciais.
“O governo chinês decidiu levantar a proibição à carne bovina brasileira”, anunciou o ministério brasileiro, após uma reunião entre Fávaro e o chefe aduaneiro chinês, Yu Jianhua, em Pequim. Até o momento, porém, o governo da China não se pronunciou sobre o episódio.
Fávaro, que viajou à capital chinesa quase uma semana antes da comitiva presidencial, disse que a decisão foi “um passo adiante para o Brasil”.
Além da China, Tailândia, Irã e Jordânia também suspenderam a importação de carne do Brasil devido a um caso de vaca louca identificado no Pará. Já a Rússia proibiu a compra de carne provinda exclusivamente desse estado brasileiro.
O impasse envolvendo China e Brasil, no entanto, sofreu o chamado “autoembargo”, imposto pelo próprio governo brasileiro, algo que integra o acordo bilateral entre os dois países quando problemas são detectados. Mas a manutenção ou não da proibição cabia somente à China.
Sem casos clássicos
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil datavam de setembro de 2021, em Minas Gerais e Mato Grosso. Na ocasião, os casos eram atípicos, mas a China suspendeu a compra de carne bovina brasileira por três meses, até dezembro daquele ano.
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China suspendeu nesta quinta-feira (23/03) embargo que havia sido imposto à carne brasileira em 23 de fevereiro
Até hoje, em duas décadas de monitoramento, o Brasil não registrou nenhum caso clássico da doença, provocada pela ingestão de carnes e pedaços de ossos contaminados.
Causada por um príon, molécula de proteína sem código genético, a vaca louca é uma doença degenerativa também chamada de encefalite espongiforme bovina. As proteínas modificadas consomem o cérebro do animal, tornando-o comparável a uma esponja.
Além de bois e vacas, a doença acomete búfalos, ovelhas e cabras. A ingestão de carne e de subprodutos de animais contaminados com os príons provoca, nos seres humanos, a encefalopatia espongiforme transmissível.
A doença da vaca louca foi identificado na década de 1980. No auge da epidemia, no Reino Unido, em 1992, mais de 37 mil casos foram confirmados. A doença pode ser transmitida ao homem pela ingestão de carne contaminada e permanecer incubada por décadas. Quando ataca, a doença degenerativa é incurável e leva à morte.
Comércio no topo da agenda
O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo e concentra no mercado chinês mais da metade das vendas nesse segmento.
Em 2022, o país exportou 13,09 bilhões de dólares de carne bovina, o que representou um aumento de 42% em relação a 2021. Desse total, em torno de 8 bilhões de dólares foram exportados à China.
Lula deve chegar à China neste domingo para uma visita de seis dias em que o comércio bilateral estará no topo da agenda. Junto à comitiva presidencial, estarão mais de uma centena de empresários, além de ministros e parlamentares.
No ano passado, ao todo, o comércio entre Brasil e China – o maior parceiro comercial do país, seguido de Estados Unidos e Argentina – ultrapassou 150 bilhões de dólares.
Além de carne bovina, o Brasil exporta aos chineses principalmente soja, ferro e produtos petrolíferos.