Efe
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o premiê chinês Li Keqiang em encontro nesta quarta-feira
O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, recebeu nesta quarta-feira (08/05) em Pequim seu homólogo israelense, Benjamin Nethanyahu, – dois dias após a visita de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), a Keqiang e ao presidente chinês, Xi Jinping.
“Minha principal mensagem nesta visita é que Israel pode ser o parceiro perfeito em sua busca de excelência econômica e vantagens competitivas ao oferecermos nossas capacidades tecnológicas”, disse Netanyahu no começo da conversa.
O premiê chinês disse ao líder israelense que esperava trocar opiniões em questões regionais, como o processo de paz e a cooperação bilateral, além de trabalhar mais nos campos de educação, turismo e agricultura.
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Enquanto Netanyahu chegava em Xangai, era a vez de Abbas conversar com autoridades chinesas nesta segunda-feira (06/05). O presidente palestino, em declarações à imprensa, lembrou que a China foi um dos primeiros países a estabelecer um contato oficial com os líderes palestinos, em 1988, e apontou que “nos últimos anos, todos os governos chineses adotaram políticas sábias que tiveram resultados beneficentes e evitaram danos”. Após a reunião, os dirigentes participaram de uma cerimônia de assinatura de acordos nas áreas da economia, comércio, cultura e a educação.
Coreografia diplomática
A posição da China denota o crescente interesse do país como mediador no Oriente Médio. Não apenas a chancelaria expressou a disposição em realizar uma conversa entre os representantes israelenses e palestinos, como também Xi anunciou um plano de paz que defende a solução por dois Estados legítimos.
“Não é a primeira vez que a China mostra esforços nesse sentido, mas é a primeira vez que nosso líder delimita propostas em público”, diz Li Guofu, diretor do Centro de Estudos sobre Oriente Médiom no Instituto Chinês de Relações Internacionais.
No entanto, outros analistas não consideraram a medida significativa. “Minha impressão é que se trata de um exercício gigante com ambiguidade intencional por todas as partes. É muito bem coreografado e bem vazio em termos de resultados substanciais”, afirma Robert Bianchi, da Universidade Nacional de Cingapura.
“A China apoia a Palestina há muito tempo e o povo palestino confia na China. Mas ela também mantém uma relação amistosa com Israel”, explica Guofu, adicionando que o comércio bilateral e tecnológico entre Israel e o gigante asiático cresce US$ 8 bilhões anualmente. Segundo o portal Xinhua, as relações diplomáticas entre os países foram estabelecidas em 1992 e, desde então, o comércio bilateral cresceu de US$50 milhões para US$10 bilhões.
No mais, o interesse pelo petróleo do Oriente Médio e a entrada dos EUA na zona de influência no Extremo Oriente também reforçariam o desejo de estabilidade e presença na região.
O peso da participação chinesa na questão israelo-palestina ainda divide especialistas. Para Shi Yinhong, da Universidade Renmin, a dupla visita poderia ser o começo de um “papel mais proeminente” na questão e uma procura de cooperação com Washington. A direção diplomática chinesa mostra uma “atitude óbvia e ativa de tornar-se um contribuinte insubstituível à paz mundial”, segundo Hua Liming, ex-embaixador no Irã.
Contrariamente, Kerry Brown, da Universidade de Sidney, pensa que essas visitas “dá a eles capital político com os EUA e não representa um grande risco. São notícias boas e fáceis para a China, mas não vejo nenhuma razão para se se envolver ainda mais”.
Síria
Apesar de a China tentar ser uma protagonista no Oriente Médio e de Israel estar no centro de uma discussão internacional sobre o lançamento de mísseis contra alvos governamentais na Síria, não foram publicadas declarações sobre isso durante a conversa entre Netanyahu e Li.
Nesta segunda-feira, a porta-voz do Ministério de Relações exteriores, Hua Chunying, disse que “nos opomos ao uso de armas e achamos que a soberania de qualquer país tem que ser respeitada”. Nesta terça-feira, afirmou que “explicitamente explicaremos a posição chinesa a Israel”.
* Com informações de The Guardian, Xinhua e CNN