Petrolíferas chinesas estão se abrindo para o exterior e se tornando atores importantes no mercado internacional de petróleo. O interesse chinês em recursos petrolíferos ao redor do mundo não é novo, mas a taxa e o alcance das aquisições aumentaram desde o começo do ano. Só em fevereiro, a China assinou 49 bilhões de dólares em acordos de importação de petróleo com a Rússia, Cazaquistão, Brasil e Venezuela.
Recentemente, a Sinopec comprou ações da empresa de exploração de petróleo suíça Addax, listada em Toronto (7,2 bilhões de dólares). Houve também um acordo de exportação com o Equador, participação em um leilão de energia iraquiana e a oferta de até 14,5 bilhões de dólares por uma parte majoritária na unidade argentina da empresa espanhola Repsol. Uma nova estratégia chinesa está a caminho, montada para assegurar reservas de longo prazo para uma economia faminta por energia.
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“Isso é parte de uma clara estratégia do governo para aumentar e diversificar as fontes de petróleo. A China importa quatro milhões de barris por dia agora, e até 2030 será o maior importador mundial”, explica Kingsmill Bond, chefe de estratégia do Grupo de Diálogo Troika, em Londres.
Em expansão
Com a desvalorização do petróleo, a China se encontra numa posição mais forte no mercado internacional. “Até agora, vendedores estavam relutantes em lidar com a China, então os chineses tinham que comprar por um preço alto, e algumas vezes eram até mesmo rejeitados como compradores”, explica um pesquisador do instituto francês Asia Centre que pediu anonimato. “Agora, há menos moeda estrangeira, então o dinheiro da China é aceito mais facilmente”.
Companhias chinesas de petróleo parecem perceber que as condições econômicas atuais são favoráveis para a sua expansão. Citado na imprensa chinesa, o presidente da PetroChina, Jiang Jiemin, disse que sua companhia “se beneficiaria do preço de petróleo relativamente baixo para fazer um crescimento mensurável e sustentável em suas operações no exterior”.
Jiang anunciou que diversos acordos de cooperação deveriam ser esperados este ano com o Cazaquistão, a Venezuela e o Qatar, e que fusões e aquisições no exterior seriam uma chave para o desenvolvimento estratégico da companhia. Essa jogada é encorajada politicamente: em março, Pequim anunciou que estava considerando montar um fundo de estabilização do petróleo para apoiar companhias nacionais a comprar empresas estrangeiras.
A China costumava investir principalmente em países instáveis, onde empresas ocidentais relutam em aplicar capital, mas agora o país está ampliando o raio de ação, fazendo acordos de longo prazo com América do Sul e Ásia Central. Para alguns países sem recursos financeiros após a crise, os empréstimos e investimentos chineses são um alívio.
Kingsmill Bond, em artigo escrito em junho, chega a dizer que na Rússia e no Cazaquistão, dois países que receberam grandes empréstimos chineses, “a China foi capaz de substituir os bancos ocidentais em quebra ao fazer investimentos diretamente na região”.
A China tem a maior reserva em moeda estrangeira do mundo: 1,95 trilhão de dólares.
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