Atualizada às 15h40
O ex-presidente do PT e ex-ministro da Justiça do governo Lula Tarso Genro disse nesta quarta-feira (27/01), em entrevista a Breno Altman, durante o programa 20 Minutos, que o clima para o impeachment do presidente Jair Bolsonaro começa a se formar na sociedade, apesar de, no momento, estar sendo prejudicado pelas contingências da pandemia.
“Acho que esta se formando [um clima para o impedimento]. Isso está muito prejudicado pelo isolamento social, mas acho que começa a percorrer a base da sociedade uma visão de que é impossível permitir a continuidade do governo genocida”, disse o ex-governador do Rio Grande do Sul.
Genro defendeu “finalidade estratégica” e estímulo a movimentos unitários contra Bolsonaro, no que chamou de “enfrentamento do momento”. “Devemos trabalhar com finalidade estratégica. E o impeachment, na minha opinião, está bem colocado. Além também da unidade do movimento popular democrático estar em cima da defesa do ‘Fora Bolsonaro'”, disse.
Para o ex-presidente do PT, será necessário disputar hegemonia e formar uma frente para as eleições de 2022.
“A possibilidade de Bolsonaro estar em um possível segundo turno vai depender dos movimentos, do número de mortos desse genocídio e se as instituições reagiram contra ele. Temos que ter uma oposição popular para que cheguemos e tenhamos um programa mínimo. A pior coisa que pode acontecer é [a esquerda] chegar dividida em 2022, fragmentada e sem capacidade de diálogo no campo”, disse.
Genro declarou que o ex-presidente Lula é uma personalidade “ideal” para representar o partido como candidato em 2022. No entanto, ele avalia que a situação depende das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o ex-ministro, o petista “tem condições de amalgamar” diferentes frentes.
Joe Biden e América Latina
Ainda na conversa, Altman e Genro discutiram sobre as posições do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no que tange aos países da América Latina. Para o ex-governador, os norte-americanos “nunca” serão aliados da região, pois eles “correspondem as classes dominantes”.
“Vai imperar a lógica dos interesses petrolíferos e coloniais dos Estados Unidos. Não será uma relação de aliados. Na minha opinião, as relações exteriores do Brasil precisam ter vários pontos de negociação e de relacionamento em escala global, pois nenhum grande país será aliado em absoluto de um país como o nosso”, afirmou.