A coalizão governista do Japão triunfou nas eleições do último domingo (10/07), que renovaram cerca de metade dos assentos da câmara alta do Parlamento nacional e foram realizadas na esteira do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, morto dois dias antes, em um comício em Nara.
O Partido Liberal-Democrata (PLD), liderado pelo premiê conservador Fumio Kishida, e seu aliado Komeito, também de direita, conquistaram 76 das 125 cadeiras que estavam em jogo na Câmara dos Conselheiros, o equivalente japonês ao Senado.
Com isso, a coalizão de governo terá 146 dos 249 assentos na nova composição da câmara alta, 21 a mais que o necessário para garantir maioria.
Em discurso nesta segunda-feira (11/07), Kishida prometeu “construir a partir da herança” deixada por Abe, figura histórica do PLD e premiê mais longevo na história do Japão.
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A coalizão do governo terá 146 dos 249 assentos na nova composição da câmara alta do Japão
De acordo com o atual primeiro-ministro, o país vai “reforçar drasticamente” os investimentos em defesa nos próximos cinco anos, em resposta às “incertezas” geradas pela guerra na Ucrânia e pela crescente assertividade da China na Ásia.
A frente favorável a uma reforma da Constituição pacifista japonesa – que inclui forças de oposição – ultrapassou a barreira de 166 assentos necessária para revisar a Carta Magna.
O programa do PLD inclui uma proposta para revogar o artigo 9 da Constituição, no qual o país “renuncia para sempre ao uso da guerra como direito soberano da nação ou à ameaça e ao uso da força como meios de se resolver disputas internacionais”.
Esse era um desejo antigo de Abe, que, no entanto, nunca conseguiu levar a cabo a reforma constitucional. De acordo com Kishida, o processo para revisar a Carta Magna deve ser “rápido”, mas eventuais alterações ainda precisariam passar por referendo popular.