Na Colômbia foi confirmada na noite desta segunda-feira (10/05) o falecimento por morte cerebral de Lucas Villa Vásquez, estudante que sofreu oito disparos durante uma manifestação no dia 5 de maio, na cidade de Pereira, capital do estado Risaralda.
Até o momento, as investigações não confirmaram se as balas que partiram de um homem em uma moto vieram de um policial ou de algum grupo armado irregular.
Segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento da Paz (Indepaz) e da ONG Temblores, com esse caso, o país acumula 48 falecidos, mais de 500 desaparecidos e 1.876 denúncias de violência policial desde o dia 28 de abril.
O estudante de educação física da Universidade Tecnológica de Pereira (UTP), de 37 anos, tornou-se um ícone da greve geral depois que o vídeo do momento exato em que ele sofreu o ataque viralizou nas redes sociais.
Nas postagens, colombianos reforçam que Lucas será uma inspiração para os próximos protestos: “Pela vida seguiremos, pela dignidade resistiremos”, publicam usuários.
Roberto Parizotti
Nas redes sociais, colombianos reforçam que Lucas será uma inspiração para os próximos protestos
O presidente da Colômbia, Iván Duque, lamentou o falecimento. “Acompanhamos a família Villa com profunda tristeza. Repito o que conversei com Maurício, pai de Lucas, que esta seja a oportunidade de unir-nos e manifestar nosso rechaço à violência. Aos responsáveis todo o peso da lei”, publicou em seu Twitter.
Também na última segunda-feira houve a primeira reunião entre o comitê nacional de paralisação, que reúne as maiores centrais sindicais e movimentos sociais colombianos, com o chefe de Estado.
O encontro, que também contou com a presença de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Igreja Católica, terminou sem nenhum acordo e com convocatória de uma nova manifestação para quarta-feira (12/05).
Uma Comissão de Paz, composta por parlamentares e diplomatas está em Cali, capital do estado Valle del Cauca, onde foram registradas 15 vítimas, para reportar violações aos direitos humanos.
Apesar de dizer que está aberto ao diálogo, segundo representantes do comitê, Duque não está disposto a desmilitarizar Cali, Bogotá e as cidades com maiores índices de violência policial.
“O governo nacional não cedeu em pedidos que fazemos há mais de um ano, os massacres continuam. Se não há negociação para a desmilitarização de 104 pontos e 13 eixos que estamos apresentando, as mobilizações continuarão”, declarou Francisco Mates, presidente da Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia (CUT).