Quarta-feira, 16 de julho de 2025
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O presidente da Colômbia, Iván Duque, se pronunciou nesta quinta-feira (29/09) sobre o grupo dissidente das Farc (Forças Alternativas Revolucionárias do Comum) que retornou à luta armada e anunciou uma recompensa de 3 bilhões de pesos colombianos (aproximadamente US$ 860 mil) para informações que levam à captura dos guerrilheiros.

“Colômbia não aceita ameaças de nenhuma natureza e muito menos do narcotráfico. Para cada um dos delinquentes desse vídeo será fixada uma recompensa de 3 bilhões de pesos por informação que conduza a sua captura”, disse o presidente.

Aliado político do ex-presidente de extrema direita Alvaro Uribe, que é conhecido por suas políticas de guerra declarada contra as Farc, Duque ainda fez acusações contra o governo da vizinha Venezuela e afirmou, sem provas, que o presidente Nicolás Maduro estaria “escondendo” os guerrilheiros.

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“Os colombianos devemos ter clareza de que não estamos diante do nascimento de uma nova guerrilha, mas diante de ameaças criminosas de um grupo narcoterrorista que conta com o apoio e o abrigo da ditadura de Nicolás Maduro”, afirmou. O governo venezuelano ainda não se pronunciou sobre as acusações.

O mandatário, que baseou sua campanha presidencial em críticas duras contra os Acordos de Paz alcançados pelo ex-presidente Juan Manuel Santos e o antigo grupo guerrilheiro, ainda se dirigiu ao Ministério Público para que o órgão emitisse ordens de prisão contra os comandantes Iván Márquez, Jesús Santrich e El Paisa, os três que aparecem à frente durante a declaração que o grupo armado divulgou na manhã desta quinta-feira.

“Faço um chamado especial à Comunidade Internacional para que se una ao povo da Colômbia em rechaço inequívoco a essas ameaças criminosas”, pediu o presidente. Duque ainda afirmou que já havia conversado com a presidente a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), Patricia Linares, para pedir a expulsão imediata dos membros dissidentes.

Em coletiva de imprensa nesta quinta, Linares afirmou que todos os membros que retornarem à luta armada perderão os benefícios alcançados pelo Acordo de Paz. A magistrada ainda classificou o fato como “muito grave” e confirmou que a sessão de apelação da JEP já iniciou o processo de expulsão dos comandantes Márquez e Santrich, bem como de outros combatentes que os seguiram.

'Para cada um dos delinquentes desse vídeo será fixada uma recompensa de 3 bilhões de pesos', afirmou o presidente

Reprodução

‘Para cada um dos delinquentes desse vídeo será fixada uma recompensa de 3 bilhões de pesos’, afirmou o presidente

Farc

O presidente também se dirigiu ao partido Farc, pedindo para que os membros da legenda política expulse os dissidentes e condena a postura do grupo armado. “O mínimo que Colômbia espera hoje do partido Farc é a expulsão imediata e sem contemplações de todos os delinquentes que aparecem neste vídeo”, afirmou.

Mais cedo, as lideranças do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum concederam uma entrevista coletiva na qual rechaçaram a ação do grupo dissidente e reiteraram que a maioria permanece fiel aos Acordos de Paz.

O presidente do partido, Rodrigo Londoño “Timochenko”, se disse sentir “envergonhado” em nome da coletividade das Farc e ainda pediu desculpas ao país. “Nós aprendemos a cumprir o que se acorda, a cumprir a palavra empenhada. Sentimos vergonha, peço desculpas ao povo colombiano e à comunidade internacional. aqui estamos, a grande maioria”, disse o líder da legenda.

Volta às armas

Um grupo de comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) anunciou nesta quinta-feira que irão voltar à luta armada em resposta ao que chamam de “traição do Estado colombiano aos Acordos de Paz”, que foram assinados em Havana em 2016.

Iván Márquez, Jesús Santrich e Hernán Darío Velásquez, conhecido como El Paisa, fizeram o anúncio de que voltariam às atividades guerrilheiras. Márquez, que foi um dos negociadores em Havana, invocou o “direito universal dos povos de se levantarem em armas contra a opressão”.

“Desde a assinatura do Acordo de Paz de Havana e do desarme ingênuo da guerrilha a troco de nada, não para a matança. Em dois anos, mais de 500 líderes do movimento social foram assassinados e já se somam 150 ex-guerrilheiros mortos em meio à indolência e à indiferença do Estado”, disseram.

Segundo as Farc, o governo do presidente Iván Duque vem criando dificuldades para o cumprimento do acordo de paz. Em março, Duque fez objeções a seis artigos do estatuto da JEP, tribunal criado para julgar crimes cometidos durante o conflito entre forças do governo e o grupo guerrilheiro.