Os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Colômbia, Gustavo Petro, assinaram nesta quinta-feira (16/02) um histórico primeiro acordo comercial entre os dois países em mais de 15 anos, período em que as duas nações vizinhas mantiveram altos e baixos em suas relações bilaterais, as quais foram interrompidas algumas vezes.
O Contrato de Escopo Comercial Parcial nº 28 é um acordo simples, que visa restabelecer algumas normas alfandegárias e administrativas necessárias para o comércio entre os dois países, especialmente no que diz respeito ao pequeno comércio entre as cidades fronteiriças.
Talvez por isso, os presidentes escolheram fazer a reunião que consolidou a firma do acordo na Ponte Internacional Atanasio Girardot, que liga a região venezuelana de Táchira com a cidade colombiana de Cúcuta.
Declarações
Durante o encontrou, Petro afirmou que “estamos assinando um acordo parcial que é outro passo de integração do que, na minha opinião, nunca deveria ter sido suspensa”.
“Ainda há muito o que fazer, as pontes entre as duas nações de comércio devem ser preenchidas e as barreiras que ainda podem existir devem ser derrubadas”, completou o mandatário colombiano.
Presidência da Venezuela
Gustavo Petro e Nicolás Maduro assinaram o acordo na mesma ponte onde Juan Guaidó tentou realizar evento opositor há quatro anos
Por sua parte, Maduro declarou que “para nós, é muito significativo o caminho que estamos percorrendo, o caminho da reunificação entre dois povos, agora com uma nova dinâmica de diálogos políticos, diplomáticos, uma nova dinâmica econômica, comercial e populacional”.
“Estamos em uma nova fase de construção de relacionamentos em todos os aspectos, em toda a linha de ação. Nossas relações econômicas e comerciais, embora não tenham atingido a dimensão do que são nossas aspirações, mostram um bom ritmo neste recomeço”, enfatizou o mandatário venezuelano.
A mesma ponte, quatro anos depois
Outra curiosidade é que o encontro entre os dois presidentes acontece cerca de quatro anos depois da tentativa da oposição venezuelana de entrar no país como supostos caminhões de ajuda humanitária, em iniciativa que usaria a mesma ponte entre Cúcuta e Táchira.
Vale lembrar que aquela operação foi liderada pelo opositor Juan Guaidó, que se considerava presidente autoproclamado da Venezuela, com o apoio presente dos então presidentes da Colômbia (Iván Duque), do Chile (Sebastián Piñera) e do Paraguai (Abdo Benítez, ainda no cargo).
O então mandatário brasileiro Jair Bolsonaro, também apoiou aquele envio de suposta ajuda humanitária, mas preferiu acompanhar os caminhões que estavam na fronteira entre Brasil e Venezuela, em Roraima.
Aquela iniciativa buscava iniciar um movimento de questionamento da legitimidade de Maduro e a consolidação de Guaidó como presidente da Venezuela, apesar de que sua autoproclamação carecia de sustentação eleitoral.
A tentativa acabou fracassando e Guaidó terminou, inclusive, perdendo seu mandato como deputado da Assembleia Nacional – sequer apresentou sua candidatura à reeleição, devido ao alto rechaço da opinião pública à sua figura.