O governo colombiano enviou à OEA (Organização dos Estados Americanos) uma cópia do vídeo no qual Jorge Briceño, conhecido como “Mono Jojoy”, chefe militar das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), menciona uma ajuda financeira à campanha eleitoral do presidente do Equador, Rafael Correa, ocorrida em 2006.
Segundo o jornal El Tiempo, citando fontes do governo, o material foi recebido na sede da entidade em Washington e seu envio foi sugerido pelo embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, William Brownfield.
Correa denuncia manipulação do governo colombiano.
Nas imagens – divulgadas inicialmente pela agência de notícias AP e retransmitidas por vários veículos –, Mono Jojoy aparece fazendo um discurso a um grupo de guerrilheiros e tratando de diversos assuntos, entre eles a morte do líder Manuel Marulanda, o Tirofijo. Em determinado momento, entra no tema em questão. Da forma como aparece no vídeo, no entanto, não fica explícito que a guerrilha propriamente dita financiou a campanha do presidente equatoriano.
“E… ajuda em dólares para a campanha de Correa e conversas com seus assessores, inclusive alguns acordos, segundo documentos em nosso poder que se mostram comprometedores”, afirma o comandante no trecho divulgado da suposta fita, que seria datada de maio de 2008. Veja abaixo um trecho do vídeo, em que a palavra “campanha” está inaudível. No site da revista Semana, no entanto, há um vídeo mais longo em que ouve-se perfeitamente esse termo. Clique aqui.
A versão oficial é de que o vídeo foi capturado meses atrás em Bogotá, no meio de materiais apreendidos durante a prisão de uma guerrilheira.
Correa nega e acusa os EUA
No último sábado (18), Correa negou qualquer vínculo com as Farc e pediu para a comissão que investiga o ataque colombiano a um acampamento das Farc no Equador indagar também sobre os supostos aportes à sua campanha eleitoral. Também foi anunciado que uma comissão formada por quatro funcionários do governo equatoriano analisará de forma independente o vídeo.
“Agora lhes peço não apenas que investiguem o 1º de março de 2008, mas também o governo equatoriano, se a Aliança País [seu partido] alguma vez recebeu 20 centavos de qualquer grupo estrangeiro, não apenas das Farc”, afirmou Correa.
“Lembrem-se que, durante a campanha eleitoral, afirmaram que [o presidente venezuelano Hugo] Chávez estava nos financiando, depois os traficantes de drogas, e agora as Farc”, disse.
O presidente equatoriano ainda acusou grupos dos Estados Unidos e da Colômbia de estarem por trás de uma “campanha sistemática” contra os governos de esquerda na América Latina.
“Há uma campanha sistemática para desestabilizar os governos progressistas deste continente. O (golpe de Estado em) Honduras não é algo isolado, há grupos poderosos em alguns países, como Colômbia e Estados Unidos, que estão por trás desta campanha”, afirmou.
“Eles não podem ganhar de nós nas urnas, querem ganhar com mentiras”.
Relações tensas
As relações diplomáticas entre Colômbia e Equador estão rompidas desde março de 2008, quando a Colômbia atacou um acampamento das Farc em território equatoriano, próximo à fronteira. Na ocasião, foi morto o chefe guerrilheiro Raúl Reyes, então número dois do grupo armado, e outras 25 pessoas.
Em diversas oportunidades, o governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, acusou o Equador de manter vínculos com as Farc. Ontem, o ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, disse que o vídeo confirmou o que todos sabiam, segundo o jornal El Colombiano.
Segundo ele, o ataque de 2008 é legitimado, vide o material encontrado. “Este video não confirma, mas sim reconfirma as ações do presidente Uribe, de todos os comandantes. Que atuamos bem, que fizemos o correto”, afirmou.
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