A Colômbia vai às urnas neste domingo (27/05) para escolher o próximo presidente do país. Essas são as primeiras eleições presidenciais desde o acordo de paz firmado com as FARC (atualmente Forças Alternativas Revolucionárias do Comum) em 2016.
, em que a população colombiana rejeitou tal acordo nos termos em que foram propostos pelo governo, simbolizou uma derrota para Santos e colocou um quadro de instabilidade em seu governo, fato que favoreceu o ex-presidente Álvaro Uribe, crítico de Santos e do acordo.
Os postos de votação abrem às 08h (10h no horário de Brasília), com previsão para fechar às 16h (18h no horário de Brasília) e são esperadas mais de 36 milhões de pessoas.
Iván Duque
Favorito nas pesquisas, o direitista Iván Duque, do partido Centro Democrático, foi o escolhido pelo ex-presidente Álvaro Uribe para representar a linha ideológica do partido nas eleições.
Com 41 anos, o mais novo entre todos os candidatos, Duque baseou sua campanha em críticas ao acordo de paz assinando pelo governo do presidente Juan Manuel Santos com o antigo grupo guerrilheiro FARC, hoje transformado em partido político, e promete mudanças no pacto. O candidato do “uribismo” se apresenta como porta-voz de uma parte da sociedade colombiana que estaria insatisfeita com a o acordo alcançado com a FARC em 2016.
Duque possui um passado profissional ligado ao mercado financeiro, trabalhando nos Estados Unidos como consultor do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na política, o candidato do Centro Democrático teve trajetória curta. Foi eleito senador em 2014, mas deixou o cargo no ano passado para concorrer à presidência. Duque também foi assessor no Ministério da Fazenda e assessor do ex-presidente Álvaro Uribe.
De acordo com as pesquisas divulgadas na última segunda-feira (20/05), Duque apresenta 37,6% das intenções de voto, à frente do candidato da aliança centro-esquerda Movimento Colômbia Humana, Gustavo Petro, que marca 24,2%. Com esse cenário, as eleições seriam levadas para o segundo turno em 17 de junho.
Gustavo Petro
Ex-prefeito de Bogotá, Petro apresenta propostas mais à esquerda dos outros candidatos. Defende a continuação e o aprofundamento do acordo de paz com a FARC e sistemas totalmente públicos de saúde e educação, sem intermédio de empresas privadas.
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Candidato de Uribe, Iván Duque apresenta 37,6% das intenções de voto em pesquisa, à frente do candidato da aliança centro-esquerda, Gustavo Petro, que marca 24,2%
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Integrante do grupo armado Movimento 19 de Abril (M-19) durante os anos 1980, Petro iniciou sua carreira parlamentar na Câmara de Conselheiros da cidade de Zipaquirá, cargo semelhante ao de vereador. Quando ainda estava no partido Pólo Democrático, foi eleito senador, em 2006. Petro cumpriu o mandato, se desvinculou do partido e, em 2012, chegou à prefeitura da maior cidade do país, a capital Bogotá.
Reconhecendo na disputa por terra a origem da maioria dos conflitos na Colômbia, Petro defende propostas para democratizar o acesso a ela e resolver o problema dos latifúndios improdutivos. Para os latifundiários que não produzem, o candidato do Colômbia Humana propõe três saídas: ou começam a produzir nessas terras e, portanto, geram emprego e riquezas para o país, ou as mantêm ociosas e, em troca, pagam um imposto ao Estado, ou vendem as terras.
Candidato à Presidência da República em 2010, o ex-prefeito de Bogotá foi derrotado nas urnas e não conseguiu ir para o segundo turno, na votação que elegeu o atual presidente, Juan Manuel Santos, para o seu primeiro mandato.
Outros candidatos
O centrista Sergio Fajardo, da Coalizão Colômbia, aparece com 16,15% das intenções de voto de acordo com a mesma pesquisa divulgada na última segunda-feira.
Professor de matemática, Fajardo já foi prefeito da cidade de Medellín e governador do estado de Antioquia. O candidato promete reformar o centro político e se apresenta como alternativa “entre dois extremos”.
Atrás dele, o ex-vice-presidente de Santos, Germán Vargas Lleras, é o quarto candidato de acordo com as pesquisas. Ele já foi ministro do Interior e de Moradia durante o primeiro mandato de Juan Manuel Santos.
A corrida eleitoral colombiana ainda conta com mais dois concorrentes. Humberto de la Calle, que participou das negociações de paz com a FARC no governo Santos, aparece em quinto lugar nas pesquisas, seguido por Jorge Trujillo, pastor evangélico, criador da igreja Casa de Reino, teve passagem curta pelo Senado durante 2009 e 2010.
FARC
O antigo grupo guerrilheiro, hoje partido político, anunciou em março que não iria participar das eleições presidenciais colombianas de 27 de maio. Após iniciarem campanha, o grupo declarou que os motivos da retirada foram os episódios de violência contra candidatos aos cargos legislativos nas eleições de março do ex-grupo guerrilheiro e a saúde de seu candidato a presidente, Rodrigo Londoño, o “Timochenko”, que passou por uma cirurgia no coração.
O partido não anunciou apoio a nenhum outro candidato, mas, segundo Ivan Márquez, candidato ao Senado nas últimas eleições legislativas do país, isso não significa que a FARC vai deixar de participar da política eleitoral do país.
“Não participar da corrida presidencial com um candidato próprio não significa que também não assumimos uma voz na frente dos outros candidatos nas eleições presidenciais de 27 de maio”, afirmou.
Legislativas
Em março, a Colômbia escolheu seus senadores e deputados na primeira eleição da qual a FARC participou como partido político.
O Centro Democrático, de Uribe e Duque, e os outros partidos da direita conquistaram expressivo resultado no Congresso. No campo da esquerda, os partidos Polo Democrático Alternativo, Lista da Decência, Partido Aliança Verde e FARC dividem os assentos entre si.