O líder conservador Ulf Kristersson foi eleito, nesta segunda-feira (17/10), primeiro-ministro da Suécia por maioria absoluta parlamentar. A votação teve, pela primeira vez, o apoio da extrema-direita, marcando uma nova era política para o país nórdico.
Kristersson foi eleito por 176 votos a favor e 173 contra, depois de ter anunciado na sexta-feira (14) um acordo para um governo de coalizão, formado pelo seu partido – os Moderados -, os Democratas Cristãos e os Liberais, apoiados no Parlamento pelos ultradireitistas Democratas da Suécia (SD).
Os quatro partidos apresentaram um roteiro de 62 páginas sobre a futura cooperação, destacando temas como a luta contra o crime e a imigração, além da construção de novos reatores nucleares. O líder do SD, Jimmie Åkesson, disse no Parlamento que, embora seu partido preferisse estar no governo e ocupar cargos ministeriais, as políticas do novo Executivo eram mais importantes.
“O importante é o que o governo fará”, não como é composto, assegurou. Sua formação foi a grande vencedora das eleições gerais de 11 de setembro e o segundo partido mais votado, com 20,5% dos votos, atrás apenas do Partido Social Democrata, da primeira-ministra Magdalena Andersson, grupo que domina a política sueca desde a década de 1930.
O novo governo, que deve ser anunciado na terça-feira (18/10), também planeja cortes na política de concessão de asilo para refugiados. O objetivo é reduzir a cota do ano passado de 6.400 requerentes para apenas 900 por ano, durante o mandato de quatro anos. O Executivo também considerará a possibilidade de “expulsar estrangeiros por má conduta”.
Facebook/Ulf Kristersson
Ulf Kristersson foi eleito, nesta segunda-feira (17/10), primeiro-ministro da Suécia por maioria absoluta parlamentar
Maioria frágil
Ulf Kristersson priorizou a segurança como tema principal de sua campanha: a Suécia enfrenta atualmente problemas de gangues criminosas e acertos de contas. O novo premiê também prometeu controlar os preços da energia, que dispararam com a guerra na Ucrânia.
O programa prevê que pessoas em determinados bairros sensíveis sem comportamento suspeito poderão ser revistadas pela polícia, penas mais duras para reincidentes e a possibilidade de prestar depoimento de forma anônima no tribunal.
Mas, embora a coalizão eleitoral tenha se apresentado como uma frente unida, há divisões em vários setores. Várias concessões foram feitas para chegar a um acordo, especialmente para apaziguar as tensões com a extrema direita.
O grande desafio do novo Executivo foi conciliar as expectativas contraditórias do pequeno partido liberal, com a entrada da extrema-direita no governo, e as demandas do SD, que exigia cargos ministeriais. Mas, mesmo fora do gabinete, Åkesson comemorou seu “papel absolutamente decisivo” na maioria do governo.
A grande influência do SD no programa anunciado na sexta-feira já causou tensões entre os liberais, apoiadores essenciais de Kristersson. Devido à fragilidade da nova maioria, a esquerda, de volta à oposição, não perde a esperança de voltar ao poder antes das novas eleições, marcadas para 2026.