Atualizada às 10h09
Em um processo considerado histórico, os escoceses decidiram que, por 55% de votos “não”, contra 45% de “sim” à independência, o país seguirá sendo parte do Reino Unido. A vantagem é maior do que a verificada nas últimas pesquisas de opinião. Para diversos líderes europeus, o resultado foi um alívio por aplacar outras demandas independentistas na região.
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Defensores do “não” comemoram resultado do referendo
O resultado definitivo foi divulgado na manhã desta sexta-feira (19/09) após a apuração dos 32 distritos eleitorais. A rejeição à separação conseguiu um total de 2.001.926 votos, frente a 1.617.989 favoráveis.
A participação do eleitorado foi de 84,5%, o que representa um recorde histórico. Nenhuma eleição realizada no Reino Unido desde a introdução do sufrágio universal há mais de cem anos conseguiu porcentagem tão alta.
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No pronunciamento após o resultado, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, garantiu que cumprirá na “totalidade” a promessa de entregar mais autonomia à Escócia. Ele assegurou que os partidos britânicos cumprirão com a transferência de mais poderes à Escócia em matéria fiscal e de estado de bem-estar social e afirmou que em janeiro a legislação correspondente estará pronta.
Cameron considerou que, da mesma forma que a Escócia terá mais poderes, as outras três nações que formam o Reino Unido também deverão ter “voz” sobre suas competências.
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Conter frustração dos defensores da independência será um dos maiores desafios de Salmond
O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, assegurou que seu governo “seguirá muito de perto” as mudanças políticas na Escócia. “A atenção agora se centra sobre as mudanças que seguramente ocorrerão depois do referendo, particularmente os relacionados com a devolução de poderes. Seguiremos muito de perto esse processo na Irlanda”, disse.
Alex Salmond
Em um ato em Edimburgo, o primeiro-ministro do governo autônomo da Escócia, Alex Salmond, líder da campanha independentista, agradeceu “pelos 1,6 milhões de votos a favor da independência” e pediu aos três grandes partidos do Reino Unido – conservadores, trabalhistas e liberal-democratas – que cumpram suas promessas de conceder mais autonomia à região.
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Ele também pediu “a todos na Escócia para fazer o mesmo e aceitar a vontade democrática do povo escocês”. Analistas consideram que Alex foi o grande vencedor do processo.
Mesmo sem ter alcançado a vitória, o movimento independentista fez com que a sociedade escocesa, e principalmente os jovens desiludidos com a política, se envolvessem de novo e falassem com entusiasmo do país que queriam, com a possibilidade real de mudá-lo.
Para muitos escoceses, a independência não era exatamente uma expressão de nacionalismo, mas uma possibilidade de aplicar políticas distintas às de Londres.
Repercussão na Europa
Na Espanha, o presidente do governo, Mariano Rajoy, felicitou os escoceses pelo resultado do referendo e por ter protagonizado um “escrupuloso respeito à legalidade” que lhes levou a evitar as “graves consequências” que teria representado a independência.
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Para Rajoy, os escoceses escolheram ontem “entre a segregação e a integração, entre o isolamento e a abertura, entre a estabilidade e a incerteza, entre a segurança e o risco certo”.
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Rajoy afirmou que convocação do referendo era seu dever enquanto democrata
As declarações do espanhol são uma espécie de recado à Catalunha, que também deseja realizar uma consulta para decidir sobre sua autonomia. O parlamento catalão deve aprovar ainda nesta sexta a convocação de uma consulta defensora da soberania na região. Madri considera inconstitucional um eventual referendo.
Na mesma linha, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou que o resultado é “bom” e favorece uma “Europa mais unida e forte”.
“Dou as boas-vindas à decisão do povo escocês de manter sua unidade com o Reino Unido”, disse Barroso, que afirmou que “este resultado é bom para a Europa unida, aberta e forte que a Comissão Europeia apoia”.
Para o governo alemão, “os escoceses votaram de forma significativa a favor de se manter no Reino Unido e contra a independência”, afirmou o porta-voz Steffen Seibert.
Os alemães, no entanto, destacaram que “os contextos legais” para convocar uma consulta na Escócia e na Catalunha são “totalmente diferentes”, como já apontou a chanceler Angela Merkel em sua última visita à Espanha.
Catalunha
O presidente do Governo da Catalunha Artur Mas, afirmou hoje que o exemplo do plebiscito da Escócia é o “único caminho” que há para “resolver conflitos”, porque segundo sua opinião, “votar une e não separa”. Ele considerou que o processo defensor da soberania catalã “continua” porque, disse, se sente “reforçado” após a experiência da Escócia.
Hoje o Parlamento autônomo da Catalunha vota uma lei para convocar uma consulta defensora da soberania, que o executivo dessa região quer que seja realizado em 9 de novembro, e à qual o governo espanhol se opõe, por considerá-la inconstitucional.
(*) com informações da Agência Efe