A cidade de Brasília será não só a capital do Brasil como também a capital do progressismo latino-americano e caribenho a partir desta quinta-feira (29/06) e até o próximo domingo (02/07).
Será realizada, na urbe projetada pelo arquiteto comunista Oscar Niemeyer, a 26ª edição do Foro de São Paulo, evento que reunirá algumas das mais importantes figuras da esquerda da região e que terá como principal participante o presidente do país anfitrião, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
A presença de Lula é esperada para a cerimônia inaugural. O mandatário brasileiro deverá discursar nesta quinta-feira, por volta das 19h, no Hotel San Marco, onde se realizará o evento. Horas antes, o presidente receberá Mônica Valente, secretária-executiva do Foro, para uma reunião no Palácio do Planalto.
Sob o lema “integração regional para o avanço da soberania latino-americana e caribenha”, o evento que promove um espaço de intercâmbio e articulação das forças progressistas, democráticas e de esquerda debaterá o complexo cenário enfrentado atualmente por esse campo.
A nova onda de governos progressistas na região vem acumulando vitórias muito importantes, como o retorno de Lula ao poder no Brasil, o segundo turno na Guatemala entre dois partidos progressistas e a consolidação da hegemonia da esquerda no México.
Contudo, também vem momentos de dificuldade, como as contradições do governo do Chile, os desafios eleitorais na Argentina e no Equador, a crise política no Peru e o conturbado panorama enfrentado pelo presidente colombiano Gustavo Petro, alvo de tentativas de golpe de Estado em seu país, apesar do forte apoio da população ao seu governo, o que tem permitido a ele superar essa situação até o momento.
Partido dos Trabalhadores
Lula e Mônica Valente, secretária-executiva do Foro de São Paulo, se reunirão nesta quinta (29/06), no Palácio do Planalto
Outro tema que deverá ser discutido é o avanço da extrema direita na região. Embora os partidos de esquerda tenham obtido vitórias eleitorais significativas nos últimos meses, os setores mais radicais do conservadorismo e do neoliberalismo continuam mostrando força em diversos países, tomando o lugar de grupos tradicionais e mais moderados da direita.
É o caso do Brasil, onde o bolsonarismo reduziu antigos partidos de direita como o PSDB e o PP à mínima expressão. Ou no Chile, onde o recentemente criado Partido Republicano vem ganhando muito espaço, enquanto legendas tradicionais como a União Democrata Independente (UDI) e Renovação Nacional (RN) estão minguando.
Tampouco se pode esquecer o caso de El Salvador e seu presidente, Nayib Bukele, cujas políticas de encarceramento massivo somadas a um discurso populista e convincente vêm se propagando pela região.
A retomada dos organismos de integração, a necessidade de uma agenda mais vigorosa de políticas de proteção ambiental e a luta contra os efeitos do neoliberalismo serão outros temas importantes a serem debatidos.
Também serão discutidas questões relacionadas à guerra na Ucrânia, à crise econômica mundial, à posição dos países emergentes diante da hegemonia do dólar no comércio internacional, juntamente com a ameaça representada pelo ressurgimento do neofascismo internacional e seu desafio para a esquerda mundial.
Esta 26ª edição será a primeira a ser realizada de forma presencial desde 2019, quando o Foro se reuniu em Caracas, capital da Venezuela. Nos três últimos anos, a pandemia de covid-19 obrigou os organizadores a optarem pela forma de encontros virtuais, através de videoconferência.